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quarta-feira, 28 de abril de 2010

O que você quer ser quando crescer?

" Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
de nossos índios num leilão"
(R. Russo)
Estamos crescendo sim, destinando sete vezes mais de tudo o que produzimos para pagar a dívida externa (Obrigaaaaaaado JK, por começar tudo isso) e interna em relação ao que é destinado de fato para as pessoas que suaram pra produzir o tesouro. Estamos crescendo sim, sem fazer reforma agrária, sem reforma urbana, sem reforma tributária, sem reforma política, enfim, sem porra nem uma que garanta a distribuição dessa renda já escassa. Ainda que, pelo próprio motivo de eu estar escrevendo isso (O Brasil estar crescendo) não se possa afirmar que nada foi feito de bom nos últimos anos, tenho certeza que o Brasil pode sim dar exemplo ao mundo de como é possível crescer de forma sustentável, mas isso não será possível se o Estado Brasileiro continuar pondo os números na frente das pessoas.

O Brasil quer ser grande destinando apenas 5% do que arrecada para a saúde e 3% para a educação. Na prática a saúde e a educação já estão privatizadas. Então a coisa fica mais ou menos assim: Foda-se quem não tem dinheiro! Continuem desdentados, morrendo nas filas do SUS e burrinhos, dependentes das instalações sucateadas do governo. O PROUNI, por exemplo, em geral é um projeto de distribuição de canudos, que joga os alunos de baixa renda em instituições sem projetos de pesquisa ou extensão, ou seja, pessoas que vão fazer um curso técnico com nível superior; o governo deveria direcionar esse recurso pra criar mais vagas nas universidades federais, que mesmo cambaleantes, ainda conseguem a duras penas produzir conhecimento para esse país. Isso sem falar de Belo Monte e toda a política ambiental rendida aos interesses predatórios, como se já não bastasse tudo o que os países desenvolvidos já fizeram contra a natureza.

O Brasil está crescendo. Pisando degrau por degrau. O problema disso é que infelizmente grande parte da massa que compõe esses degraus é formada por pessoas excluídas, e corremos o risco de cometer os mesmos erros que o mundo cometeu até chegarmos ao caos em que vivemos, com tanta miséria distribuída, tanta riqueza concentrada e tanto geocídio cometido. Se continuarmos adotando o modelo de desenvolvimento atual, seremos grandes sim, de fato, um gigante deformado que trará marcas de opressão em sua pele, manchas de sangue em sua fronte e o semblante de quem construiu a torre da felicidade sobre a areia. Eu não quero ser isso quando crescer.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A Igreja como ela é - Ele sempre atrasa

Baseado na obra de Nelson Rodrigues, conto aqui histórias que deveriam ser mentirosas, mas não são.

Ele sempre atrasa
05h00m – Hora de quem chega tarde ainda estar dormindo e de quem acorda cedo ainda estar deitado. Nessa hora ele chegou em frente a casa dela, e como de costume abre o portão que o aguardava entreaberto. Ele entra sorrateiro, qual uma brisa conveniente. Vai direto ao banheiro, mas não sem antes olhar para ela na cama. “Como é linda”, pensava ele enquanto percebia que estava parado ali tempo demais. E tempo, para eles, era de fato um problema.

Após o banho, ele parou ao lado dela, e enquanto levantava o lençol desde os pés formosos da moça, ele ia deslizando suas mãos grossas sobre a pele morena e macia dela. Com as mãos, ele saboreava cada curva de sua amada, e com os olhos, ele enxergava revelar-se pouco a pouco a lingerie, quase transparente, dessas que revelam parte das portas do céu. O tipo de calcinha que provoca um sentimento conflitante: Contemplar ou arrancar? Ela, enquanto isso, demonstrava satisfação com tudo aquilo soltando sorrisos, mesmo com as pálpebras cerradas, ela quase podia ver os lábios grossos dele envolvendo seu seio, além de sentir aquela barba de homem roçando em sua pele sensível.

Quando ela abriu os olhos, famintos, percebeu que os dele já a devoravam diante mão. A fome era tanta, que ele apenas arredou a calcinha, com quase nada de delicadeza e penetrou, fitando os olhos da morena. Enquanto ela se aninhava sob ele, soltando gemidos que quase sempre o faziam gozar antes do que esperavam, ele erguia ao máximo os braços dela e a arreganhava tanto quanto era possível. Aquilo dava a ele um sentimento de posse. A ela, dava a certeza de estar embaixo do seu macho dominante.

06h00m – “Eu preciso voltar”, lamentou ele. Ela sempre ensaiava contestar quando essa hora chegava, mas era melhor tê-lo daquela forma do que simplesmente perdê-lo. Antes de ir, ele sempre voltava correndo da porta e pulava sobre ela ao menos umas três vezes antes de partir de vez. "Você é a mais bela flor de um jardim que eu nem chego a ser” , era uma das coisas que ele sempre costumava sussurrar ao ouvido da bela mulher antes de finalmente ir. “Tchau, Padre”, sempre falava ela na derradeira despedida. No início, ele reclamava daquilo, mas depois percebeu que para ele em nem um lugar havia mais verdade do que naquele ninho de amor, e passou a gostar de ser chamado assim.

07h15m – A missa estava atrasada. O Padre, muito suado, chegava sem falar com quase ninguém, passando direto para a sacristia vestir sua estola. "Esse padre anda muito cansado, comentava uma. “É, e ele sempre chega atrasado nas quartas e sextas”, Comentava outra. Venenos despejados, "todos de pé para o canto de entrada", anunciava o comentarista...
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Para saber mais da Igreja como ela é, clique aqui

terça-feira, 20 de abril de 2010

Formspring.me

Ele e A AMANTE.

- Você me quer?- Só enquato estou respirando.- Então por que não estamos jutos?- Pelo mesmo motivo que nem sempre a lagarta se torna borboleta.- Porque não depede só dela, né?- Ifelizmete você está certa.Nosso amor não passa de um casulo frágil que só poderia sobreviver escondido de tdos. E nós dois sabemos que é impossível escodê-lo por muito tempo.- É isso o que você quer? Viver escondido e sem coragem de assumir por medo de um dia alçar o mais belo dos voos?- Miha querida, tudo o que eu mais quero nessa vida é vista por você mesma todas as vezes que se olha o espelho.- Então por que simplesmente não vivemos isso?- Porque simplesmente não é possível.- Acha que eu não valho a pena?- ...- Por quê?- Não sei ao certo.- Não sabe ao certo o quê?- Não sei ao certo sobre nada. Até mesmo a menor distância entre dois pontos, segundo um amigo meu matemárico, não é uma reta, nem tão pouco 2 + 2 são exatamente quatro, segundo ele mesmo. As incertezas da vida e mais ainda de nossa relação me deixam confuso demais. Eu simplesmente não sei o que fazer.- Você me ama?- Se você ainda me pergunta uma coisa dessas depois de todo esse tempo, é porque nada do que eu fiz até hoje provou o meu amor por você.- Você não me ama.- Isso ainda é uma pergunta?- Minha única dúvida agora é saber por que demorei tanto tempo pra entender que estava apaixonada por alguém disfarçado de homem.Você não passa de um monte de palavras bonitas encobrindo um menino tolinho e metido a esperto. Adeus.- ???- .

sábado, 17 de abril de 2010

O Canalha - Caça 1


A Concorrência Feminina

O Canalha ia sair com os amigos. Ia toda a galera, mas entre todos uma chamou a atenção dele. Era uma mulher de aparência madura, sorriso estonteante, corpo magro, digno de suscitar a pesquisa do Canalha. Como de praxe, antes de qualquer investida o nosso canalha investiga quem é sua próxima caça. descobriu que se tratava de uma recém-separada. O marido foi pego com outra por ela, e estava a praticamente três meses "sobrevivendo" apenas das recaídas com o ex. "Muito interessante", pensou ele.

Foram todos para a festa que seria em uma praça pública, com muita gente e muita bagunça. No caminho, o canalha começou a fazer brincadeiras com todos, mas sempre mirando na novata. Cuidou para sentar exatamente ao lado dela no coletivo e reparou que ela não demonstrou qualquer desconforto por isso (+ 1 ponto). Ele sabia que tudo indicava que uma mulher madura e recém separada que ia pela primeira vez a uma festa em anos como solteira não iria querer passar em branco. Tudo dependia da forma como ele fosse chegar, pois ela parecia do tipo que se importa com bote certo. Ele precisava esperar o momento exato - e que não aparecesse outro melhor, lógico.

Chegando na praça é a hora da coleta para as bebidas. Todo mundo puxando a fauna brasileira das carteiras e nosso canalha puxa..., bem, só haviam duas tartarugas marinhas na carteia de nosso Canalha (- 100 pontos), e ela, machista que era - sim, do tipo que ficava em casa pro marido trabalhar e tudo - fez logo questão de tirar um sarro do óbvio pretendente. Qualquer um ficaria desolado com uma coisa dessas, mas o nosso canalha conhece todos os clichês que compoem uma conquista.

Ele ficou mais um tempo por lá, todos começaram a beber e curtir a música quando ele atendeu o celular. "O quê?! Onde você tá, gatinha? Onde?! Ah! Beleza então, espera aí que eu já vou", gritava ele ao telefone. Pedindo licensa aos demais, o camarada aproveitou pra dar uma volta imensa na praça. Nem uma menina se quer olhou pra ele, muito menos havia de fato alguém que ele fosse encontrar. Tudo fingimento. Hora, a fama de canalha salafrário deveria servir pra alguma coisa afinal. Depois de um tempo ele reencontrou o grupo. Pra sua surpresa só estavam alguns.

- Onde estão os outros?
- Foram atrás de ti.
- A novata foi também?
- Foi ela que propôs.

Beleza. A coisa tinha saído melhor do que ele esperava (+ 150 pontos). Quando chegaram os caçadores de canalha, a novata já o estava tratando até melhor do que antes do episódio da coleta. Isso posto, o álcool em sua mente e tudo o que havia acontecido não lhe davam mais paciência. Na primeira música mais ou menos lenta, ele a puxou com uma certa força, abraçou a mulher por trás e tratou de ficar bem encostado.

- Eu queria te avisar que esse volume não é meu celular. Falou ao ouvido dela. Ela riu.
- Você tem certeza? Olha que eu acho que é.
- Bom, digamos que tem uma forma de você descobrir, e eu adoraria que você tentasse.
- Você não tem medo de apanhar não, menino?
- Desde que seja no local e hora adequados e o mais rápido possível...
- O que você está fazendo?
- Dançando. Você não sabia que essa dança é assim, abaixando e levantando?
- Você está é se esfregando em mim.
- Fala que você não tá gostando...

Ela se inclinou um pouco pra bater nele ou resmungar algo do tipo "pára com isso", ou "você não presta mesmo", mas ele não tinha mais paciência e a beijou de uma vez. Ela se debateu no começo, mas logo ajeitou seu corpo enquanto era beijada, e a sensação que ele tinha era que ela levitava em seus braços. Depois aconteceram mais algumas coisas que sempre acontecem quando um homem tem uma boa pegada e a mulher, que quase nunca admite, adora isso. Mas isso, para o canalha, não é o mais importante. O importante mesmo, é saber que ele conquistou mais uma.
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Imagem: 2bp.blogspot.com

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Fui assaltado

Ontem aconteceu comigo o que acontece a todos os que andam em ruas ou vielas totalmente soturnas e desprovidas das falsidades e doçuras de transeuntes normais dando o ar de sua graça a excessão de ladrões, estupradores ou outras personagens dessas, tão comuns ao nosso cotidiano repleto de caos e orgasmos: fui assaltado! Conto isto com este estilo fresco porque o evento em si teve requintes de cordialidade inglesa, um evento irônico à brasileira.

Quando chegava da faculdade às 23h30m, vi as duas figuras se aproximando lentamente, um levando o outro na bicicleta - típica formação de assalto. Quando percebi o perigo, olhei automaticamente para o bar que costuma estar aberto todos os dias. Fechado. Depois olhei para o outro bar que também costuma ficar sempre aberto. Fechado também. Depois só ouvi um convite muito cortês para que eu não me desse ao trabalho de correr e que desse de uma vez o celular que eu certamente teria em um dos bolsos. Eu entreguei com uma pitada de esperança de que ele só levaria aquele. Mas, pro meu azar, eles eram bons profissionais. O que fingia ter uma arma de verdade ficou mais afastado. Eu, fingindo que acreditava na arma real mas não querendo provar minha tese, também parado e completamente solícito às ordens de meus interlocutores.

Depois de ser devidamente baculejado, o cara que cumpre a missão de apalpar os outros levou meus dois celulares e minha carteira. Tudo aconteceu suavemente, sem gritos ou ameaças do tipo "não me encara não!", "se tu ligar pra polícia eu vou atrás da tua família e mato" como já ouvi em outros momentos do tipo. Tanto foi, que me dei ao luxo de pedir que encarecidamente levasse apenas o trocado que estava na carteira e me devolvesse a mesma. Pra minha surpresa, o cara não só pegou apenas o dinheiro, como arrumou meu vale digital e meus cartões num só lado - mais organizado que eu o cara - e voltou de onde estava e me entregou na mão a carteira. A impressão que eu tinha era que o cara ia me abraçar, beijar meu rosto e dizer "precisando é só chamar", tamanha a educação do rapaz.

Me deu vontade de dizer que trabalho exatamente com jovens e parte do meu estudo dedica-se a combater o extermínio de jovens como eles que, frutos de um processo de exclusão social acabam sendo não só os maiores promotores da violência como, principalmente, as principais vítimas. Poderia dizer que o que teria a oferecer a eles poderia ser muito mais interessante à medida em que o caminho em que estaão certamente ruma para:
1- Um presídio repleto em sua maioria por jovens de sua faixa etária, sexo, cor e classe social
2- Para uma vala comum após serem exterminados ou pelo traficante para o qual certamente levariam o "apurado" da noite ou pela PM que certamente não estava fazendo ronda onde eu estava dando meus bens aos "donos" por estar muito ocupada recebendo a propina devida.

Não falei nada por motivos óbvios (tava me cagando de medo), mas posso dizer hoje tranquila e sinceramente que o fato não mudou minha fé que a juventude das periferias são mais do que isso, e que mesmo estes meninos podem ter um projeto de vida melhor do que comer grama pela raiz ou ver o sol nascer quadrado. Amém!


terça-feira, 13 de abril de 2010

Espertezas do/a brasileiro/a


- Ser multado por não usar cinto de segurança e ainda reclamar disso.

- Nadar no próprio lixo atirado às ruas.

- Reclamar que todo político é corrupto enquanto fura a fila do banco.

- Vender o voto por dez reais enquanto pisa na lama.

- Pisar nas fezes que o próprio cão deixou na calçada.

- Dono de madeireira clandestina reclamar de calor.

- Marido safado ter crise de ciumes.

- Não ir na hora marcada porque ninguém vai.

- Ir à farmácia cedo da manhã porque bebeu no dia anterior pra esquecer os problemas.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Crise Existencial - O fundo do poço e o espelho!


Espelho: Por que você está aqui?

Eu: Também gostaria de saber.

Espelho: Nossa, mas que cara horrível! Você não deveria estar aqui, deveria estar lá com eles.

Eu: Eu até tento, sabe, mas a impressão que tenho é que jamais saberei o caminho correto de lá... os labirintos alheios são aterradores.

Espelho: Tem horas que não reconheço você.

Eu:Tem horas que você me assusta mais do que eles.

Espelho: Engraçado você. Sempre com a postura de um homem seguro de si, senhor de todas as coisas. Duvido que deixe as outras pessoas te enxergarem como eu te vejo. Um ser que no fundo morre de medo de tudo, que só sapateia após conferir cada centímetro do tablado, e provavelmente já perdeu ótinas valsas por isso.

Eu: Tem horas que você pega pesado demais.

Espelho: Vai fugir de mim também?

Eu: Mas era só o que me faltava! Por acaso está tentando alguma espécie de psicologia reversa? Quantas vezes eu tenho que te falar que conselhos óbvios me causam asco? Eu preciso desse momento diante de você pra conferir as rugas de minha alma. Preciso chorar, sim, pra não cometer o pecado de me sentir um Deus; preciso me achar feio, sim, pra enfeitar cada vez mais as labaredas de minha alma. Agora vê se não me enche mais o saco! E já vou indo, porque viver é bom demais pra perder meu precioso tempo me lamentando na tua frente.

Espelho susurrando: Pelo menos funcionou...

Eu: O quê?!

Espelho falando normalmente: Nada não, volte sempre.

sábado, 3 de abril de 2010

Via Sacra dos Cristos de agora


1ª Estação: Jesus é condenado a morrer na cruz.Nasce mais uma criança na ocupação “Fé em Deus”. Mais um filho da Mãe África vem ao mundo do racismo velado, chamado Brasil.

2ª Estação: Jesus toma sua cruz.Ainda criança, o menino deixa de ser criança. O menino é invisível até que o sinal feche e ele comece a importunar as pessoas nos carros pedindo esmolas.

3ª Estação: Jesus cai pela primeira vez.A criança que nunca soube quem foi seu pai, perde sua mãe, que morre no parto de seu quinto irmão. A rua se torna sua morada.

4ª Estação: Maria acompanha Jesus no calvário.Numa das poucas noites em que consegue dormir aquecido, o menino sonha com sua mãe. Ele mal lembrava o rosto dela. Lágrimas salgadas lavam seus lábios.

5ª Estação: Cirineu ajuda Jesus a se levantar.O menino é contemplado num projeto social. Duas vezes por semana, ao menos, consegue almoçar e tomar banho nos alojamentos do projeto.

6ª Estação:Verônica enxuga o rosto de Jesus.No projeto, o menino se desentende com outro. As pessoas apartam a briga e os levam pra diretora do projeto. Ela os abraça. “Por que também não me expulsou?” Espanta-se.

7ª Estação: Jesus cai pela segunda vez.O menino percebe que já perceberam antes dele que as meninas não o atraem. Agora além de macaquinho, o chamam de veado.

8ª Estação: Jesus cuida das mulheres.Uma pessoa com deficiência estava sendo humilhado por outros moleques. Ele se mete. Tira o rapaz de lá sob vaias, socos, cusparadas e xingamentos.

9ª Estação: Jesus cai pela terceira vez.O menino, do jeito dele, percebe que nesse mundo só tem importância quem tem e não quem é. As drogas o fazem esquecer.

10ª Estação: Jesus é despido de suas vestes.Maior de idade, o menino que nunca teve um nome e sim alcunha, acaba indo preso por latrocínio. O nome que nunca teve torna-se imundo.

11ª Estação: Jesus é pregado na cruz.
Até chegar ao presídio, os policiais molestam o rapaz verbal e fisicamente. Antes de jogá-lo na cela, os policiais avisam os presos que ele é gay. "Violência e estupro do seu corpo"¹.

12ª Estação: Jesus morre na cruz.A cadeia. Imundice. Compactação de gente. Desumanidade. Revolta. Rebelião. Retaliação. Tiro. Menos um.

13ª Estação: Jesus é descido da cruz.Na universidade, chega o corpo de mais um indigente para ser observado na feira de ciências biológicas.

14ª Estação: Jesus é sepultado.Após ser observado na feira - que deixou algumas pessoas enjoadas -, o corpo foi enterrado no cemitério que fica na em qualquer lugar, esquina com lugar nenhum.

15ª Estação: Jesus ressuscita dos mortos.Pedro, o “aleijado” salvo por um rapaz negro e gay que levou porrada e cusparadas para fazê-lo, conseguiu ser acolhido por uma ONG que possibilitou seus estudos. Agora com mestrando em ciências sociais, Pedro batizou seu filho de Jonatans, o nome daquele herói que é sempre citado em sala de aula quando fala sobre solidariedade. Pedro espera, do fundo do coração, que Jonatans esteja num bom lugar.
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Imagem: Fonte na própria.
¹ Citação de Faroeste Caboclo, de Renato Russo.