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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Traduzindo Eufemismos

Se você pergunta a uma pessoa que tipo de música ela ouve, e ela responde:

- Eu sou eclética.

Na verdade ela quis dizer:

- Eu não entendo porra nenhuma de música, mas gosto de qualquer porcaria que faz sucesso.

Se você pergunta a uma pessoa se o namorado dela é bonito e ela responde:

- Depende do teu critério de beleza.

Na verdade, ela quis dizer:

- Ele é feio, mas eu gosto dele mesmo assim.

Se você pergunta a uma pessoa por que a irmã dela é tão linda e nunca casou, nunca teve filhos e ela responde:

- Porque não consegue encontrar homem que seja sério, que creia em Deus e seja de caminhada.

Na verdade ela quis dizer:

- Ela é lésbica, mas nunca quis sair do armário.

Se você pergunta a um cara se ele é casado e ele responde:

- Eu sou casado, mas já estou quase me separando. Meu casamento está em crise.

Na verdade, ele quis dizer:

- Eu sou casado, mas mesmo assim quero te comer.

Se você pergunta pra alguém em quem ele votou pra deputado federal na última eleição e ele responde:

- Votei num que ajudou minha mãe. É tudo ladrão mesmo, né?

Na verdade, ele quis dizer:

- Eu sou alienado e ajudo o Brasil a ser a porcaria que é porque é normal isso, né?

Se você pergunta a sua esposa porque ela anda diferente, porque não te trata mais como antes e ela responde:

- Não estou diferente não, amor. Foi tudo que você me aprontou que me deixou assim, ou não lembra do que me fez?

Na verdade, ela quis dizer:

- Eu estou transando com outro. Quem mandou me dar ideia?

Se você pergunta a uma pessoa ela vai mesmo àquele compromisso e ela responde:

- Me liga...

Na verdade ela quis dizer:

- Se não aparecer nada, mas nada mesmo melhor pra fazer, então eu vou.

Se você pergunta pra um amigo o que ele acha daquele rapaz e ele responde:


- O cara é simpático.


Na verdade ele quis dizer:


- O cara é lindo, mas eu sou machista demais pra admitir.


Se você pergunta a sua namorada se ela quer terminar e ela responde com outra pergunta:


- É isso que VOCÊ quer?


Na verdade, ela quis dizer:


- Quero, mas prefiro que você termine pra que eu possa me fazer de vítima no futuro.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Postagens Retrô 11 - Crise Existencial



Entrevista exclusiva de mim comigo mesmo:



Eu: Você é feliz?

Eu mesmo: Caramba! Tinha que começar logo com essa pergunta?

Eu: Resposta errada. Se tivesse respondido de outra forma, acabaria logo com a entrevista (risos). Agora me diga quantas vezes você já tocou sua existência essa semana.

Eu mesmo: Gostaria algumas vezes de fazê-lo menos, mas ouvi muita Legião Urbana em minha adolescência pra não me perguntar ao menos uma vez por dia por que eu vivo nesse inferno celestial.

Eu: Te incomoda conviver com tantas pessoas que são tão diferentes de você?

Eu mesmo: Normalmente não. Mas me magoa a intolerância das pessoas. Sabe, as pessoas costumam colocar uma redoma de proteção com auto falante ao redor de si. Além de se protegerem dos outros exageradamente, ficam escutando initerruptamente uma frase repetindo sempre coisas como"eu sei", "eu posso" "eu estou certo", "só eu...". Isso me deixa depressivo.

Eu: Vale a pena se sentir assim pelas outras pessoas?

Eu mesmo: Pensando rapidamente, sem muita reflexão, a primeira coisa que pensamos é que não vale a pena. No entanto, se eu começar a pensar assim, não serei melhor do que os que critico.

Eu: Mas você não acha que mesmo assim, ao se achar melhor do que os outros, ainda que de uma forma mais eloquente, você também se coloca no mesmo patamar de eusismo?

Eu mesmo: Cara, não acho que seja errado, de forma alguma, pronunciar eu; mas os pronomes pessoais do caso reto são seis, e apenas dois deles apontam pra nossa própria direção. Além do mais, não acho que somente eu penso assim, absolutamente. Do contrário, estaria digitando isso de um manicômio.

Eu: Mas e você, como se sente em relação a si mesmo?

Eu mesmo: O maior genocida da humanidade pela manhã, o salvador do mundo a tarde e a crise do oriente médio a noite. Nem sempre nos mesmos horários, alguns nem sempre no mesmo dia.

Eu: E agora, como está se sentindo?

Eu mesmo: Bem melhor. Acho que já posso começar a ficar pior de novo.

Eu: Muito obrigado pela entrevista. Sou seu fã.

Eu mesmo: Eu que agradeço, mas infelizmente não posso fazer o mesmo elogio a você.
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Hoje também tem uma republicação nos Imputáveis.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Minha utopia

Semana passada explodiram nas ruas de Belém grande manifestações de trabalhadores da construção civil reivindicando melhores condições de trabalho (pois só esse ano já morreram 09 trabalhadores nas obras de Belém), além de salários mais dignos¹. Belém é uma das cidades que mais lucram com a construção civil atualmente. Em cada esquina há um prédio sendo levantado, os condomínios horizontais também se proliferam, e enquanto os ricos ganham casa nova e os empreiteiros enriquecem, os trabalhadores continuam na miséria, morando em bairros desestruturados e tendo acesso a péssimos serviços públicos essenciais, como educação, saúde e segurança. Portanto, é claro que eu fiquei emocionado (e frustrado por não ter podido estar somando nas fileiras) ao ver uma multidão vermelha na rua, pois eu sou filho de pedreiro, e sei o que significa a exploração sofrida por essa classe.

As manifestações me fizeram lembrar porque eu sou socialista². Sim, eu sou socialista. E não me tornei socialista depois que li Karl Marx, depois de vestir blusa com rosto do Che Guevara ou quando fui convertido a algum partido político; eu me percebi socialista ainda criança, crescendo numa família cujos pilares eram um pedreiro e uma secretária do lar, vendo meus pais trabalharem mais que todos os meus tios metidos a riquinhos e mesmo assim ganhar menos. Na verdade, na minha infância eu não ganhava mais que um par de tênis por ano, só ganhava roupa nova em dezembro ou quando tinha alguma festa importante (tipo 15 anos, casamento, etc.), nunca fui com meus pais almoçar em restaurante chique ou viajar (se quer) a outro estado a passeio, enfim, não tinha luxo, mas jamais essas limitações foram para mim motivo de insatisfação, pelo contrário, eu tinha minha família, minha casa (ainda que humilde), quintais pra brincar, comida na mesa - ainda que fosse só um ovo frito com farinha, amigos, eu tinha tudo que uma criança precisa de verdade pra ser feliz, mas também tinha tudo o que uma criança pobre precisa pra saber quanto o capitalismo é nefasto.

O que mais me revoltava era a forma como me tratavam só porque eu não tinha o que a televisão dizia que eu tinha que ter, porque minha pele demostrava que eu não comia todas as vitaminas que tinha que comer. E antes de ser discriminado nos lugares que a elite escolhe pra frequentar sem a presença desagradável da ralé que não esteja uniformizada como serviçal (e fui discriminado nesses locais como ainda sou até hoje), eu fui discriminado pela minha própria família. A ala da minha família que era de classe média tratava os filhos dos tios pobres de maneira diferente a que tratava os filhos dos tios "bem de vida"³. Era gritante e revoltante a diferença. Certa vez, quando disse que ia ganhar um videogame, eu tive que ouvir que pra eu ter um videogame eu teria que passar fome por três meses pra isso. Outra vez um primo meu foi esbofeteado por um tio, porque brincava e fazia barulho perto dele, só porque ele também era um primo "da ralé". Foi ali, convivendo com essas violações, que eu fui perceber na prática, que não ter é diretamente proporcional a falta de respeito, e eu não conseguia naturalizar aquilo.

Mais tarde, lendo os teóricos, eu simplesmente fui entender racionalmente o que meu coração já me dizia: Que esse mundo é injusto porque existe gente injusta e outras injustiçadas. Sinceramente, quando eu dedico boa parte do meu tempo a militar, a tentar somar com aqueles que ousam se inconformar com o que está posto, não são as violências que sofri o que mais me motiva a continuar, e sim o sentimento dilacerante que me vem ao peito quando penso que muitas crianças sobrevivem em condições bem mais cruéis do que as que  vivi. O mundo em que vivemos é pior que Esparta, pois quando não matamos a crianças que não servem, a maltratamos até que ela se arrependa de ter nascido. Por isso sou socialista, porque caminhar para nunca mais ver uma criança sofrer me motiva mais do que ficar parado achando que isso nunca vai acontecer.
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1 - O Sindicato das Indústrias da Construção Civil se recusa a dar reajuste de 20% aos trabalhadores mas não  se importa em lucrar mais de 200% em cima do esforço que cada um/a trabalhador/a faz nos canteiros de obras. Os/as trabalhadores/as estão no sétimo dia de greve.
2 - Eu disse que sou socialista, não aquilo que o Stalin dizia que era.
3 - Alguns pequeno-burgueses da minha família são legais.
Hoje eu também estou nos Imputáveis.