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terça-feira, 30 de junho de 2009

Eleições 2010

A corrida eleitoral se aproxima e vemos a importância política da mesma ser reduzida a pessoas, a rostos, a personalidades, não mais a projetos, não ,mais a concepções. No pleito do ano que vem, partidos como PT e PSDB despontam como os rivais de então, mas a rivalidade se limita a uma posição mais populista do PT contra uma mais elitista do PSDB, mas, no grosso, ambos com o mesmo projeto. Não dá pra dizer ainda quem vai ganhar, mas dá pra dizer que esse marasmo em que se encontra a política brasileira só poderia mudar com uma reforma política consistente ou com uma reviravolta dos movimentos sociais, então em fase de recuperação após a traição dos PTistas.

Aliás, na direção de alguns movimentos hoje encontram-se muitos líderes que abandonaram a luta no início do primeiro mandato de Lula, cedendo a um messianismo que já denotava sua falsidade na Carta (navalha) ao povo brasileiro, mas que, após serem passados para trás, voltaram com uma postura de esquerda revolucionária e tudo mais, retomando o caminho na base com um ar de revolucionários com a tensão-pós-frustração, por não conseguirem mamar nas tetas da união como os caciques PTistas e seus novos aliados sujinhos conseguiam. uma coisa tão abominável que imagino o velho Che se revirando na cova diante de tamanha falsidade e hipocrisia.

No recaminho após a decepção-Lula, estão em jogo atores que ainda não conseguiram perceber que o cenário político mudou, e que essa mudança sim pode ser atribuída ao governo Lula, que deixou o sonho pra trás e trouxe à tona uma realidade que muitos não queriam ver, mas que está aí, esfregando na nossa cara que não podemos só questionar o outro, com uma visão bem de conto de fadas na qual ELES sempre são os maus e NÓS somos os bons, porque o que separa esses "bons" desses "maus" é uma linha tão tênue e fina que a maioria anda não conseguiu enxergar ainda.

Refazer um novo PT ou algo parecido não me parece o caminho. Acredito que o caminho é caminhar de mãos dadas, olhando nossos próprios erros antes de olhar as deficiências dos outros, retomando nossa espiritualidade profética, e organizar o povo tendo a certeza que o capitalismo ainda massacra a vida, mas que não estamos mais na guerra fria, pois o povo precisa de educação sim, mas isso não significa que eles sejam completamente cegos.

Quanto às eleições do ano que vem, caso queiram ainda apostar em algum partido, apostem no PSOL, e rezem para que não se decepcionem como eu já me decepcionei, pois pra mim ele já é o novo PT. Mas se vocês querem saber mesmo o meu voto pro ano que vem, ele já está definido: votarei nulo, pois com essa estrutura eleitoral e política, nosso voto é um arremesso sempre certeiro de lixo ao lixo.

Poema


sexta-feira, 26 de junho de 2009

Michael Jackson


É incrível como a morte abona todo e qualquer pecado. Ainda semana passada todas as emissoras tiravam lascas de Michael Jackson, um dos maiores cantores pop de todos os tempos, mas quando o cara morre, pronto: o cara era um gênio!.

Na verdade, acredito que se não fosse justamente seu temperamento esquisito (porque excêntrico é uma forma fresca de chamar os ricos de esquisitos), dificilmente ele teria arrebentado a boca do balão como fez. Historicamente os gênios da arte sempre tiveram um parafuso a menos, e parte da racionalidade possivelmente é desviada para a sensibilidade artística, penso eu. Vale lembrar a rebeldia de James Dean, a inconsequência de Cazuza, o vício de Kurt Cobain para termos exemplos disso.

No momento em que a mídia estava comendo o cara vivo enquanto estava no auge, ninguém pensava nas consequências. Todos louvavam uma criança ser super exposta como foi, mas depois, quando as consequências psicológicas disso afloraram, ninguém sequer deu a ele o benefício da dúvida, e ele foi logo recebendo rótulos de pedófilo e louco, com a mesma felicidade em que outrora fora rotulado de semi-deus.

Eu me orgulho de sempre respeitar a genialidade de Michael Jackson, mesmo no auge das chacotas. Não estou dizendo que ele era inocente das acusações, de forma alguma. O que estou dizendo é que a arte não tem culpa, da mesma forma como o filho não tem culpa do pai que tem. E o tudo o que ele fez foi consebido com absoluta originalidade que só possuem os verdadeiros artistas, com a sensibilidade que tende a "acordar os adultos e fazer dormir as crianças".

Adeus Michael Jackson. Sua obra, no fim, será mais lembrada que qualquer esquisitisse.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Sobre o fim da obrigatoriedade do diploma pra ser jornalista...

Por eu estar cursando jornalismo, muitas pessoas vendo a decisão no Supremo Tribunal Federal de acabar com a obrigatoriedade do diploma para exercera profissão de jornalista, no dia 17 de Junho de 2009, vieram preocupadas me questionar sobre o que eu achava disso. Minha resposta era quase sempre mais pra tranquilizar as pessoas, especialmente alguns colegas de curso, do que propriamente pra tentar persuadir.

Em primeiro lugar, antes de qualquer argumento, gostaria de lembrar que a obrigatoriedade do diploma foi mais um fruto da ditadura militar no Brasil, e talvez isto ajude a elucidar diante mão a minha posição a respeito. Longe de mim querer passar uma visão maniqueísta sobre o que quer que seja, mas como algo criado pela ditadura pode não ser visto como antidemocrática?

Argumentos a favor da obrigatoriedade giram em torno da possível "falta de respeito" à categoria, quase sempre fazendo analogias assim: "imagina se moda pega, agora qualquer pessoa vai poder ser médico, contador, físico, etc., sem precisar passar por uma universidade". Outra argumentação recorrente é de que o sindicado dos jornalistas saiu enfraquecido desse processo, devido a falta de controle sobre registros de profissionais, que agora podem ser até mesmo pessoa que só tem ensino médio, por exemplo, e isso poderia fazer com que a qualidade dos serviços prestados pelos jornalistas ficasse, por consequência, (mais) deficiente.

Primeiro em relação ao medo de que a profissão de jornalismo perca a qualidade em relação à decisão do supremo, gostaria de falar como estudante de jornalismo que qualquer ser humano gozando plenamente de suas faculdades mentais pode aprender as técnicas jornalísticas adotadas nas redações em menos de seis meses. Se uma pessoa for bom escritor, basta que esta passe uns dois meses em uma redação, ou em um curso qualquer para dominar a forma importada dos Estados Unidos de escrever/ fazer jornalismo que as "melhores" empresas do ramo adotam. Só para citar alguns exemplos, Lúcio Flávio Pinto, o jornalista mais respeitado do Pará é sociólogo, e Claudio Abramo, considerado por muitos o melhor jornalista do Brasil também não passou pela academia de jornalismo.

Nesse sentido, não dá pra comparar a profissão e jornalismo com a de um médico, por exemplo, porque médico passa cinco anos na faculdade, e ainda assim tem cada atrocidade vestindo branco por aí, sobretuo em hospitais públicos. Eu duvido que alguém que não seja super dotado possa aprender a ser biólogo ou físico sem passar pela academia (não falo de professor de biologia e física, desses que tem aos montes em cursinhos, pelo amor de Deus). Portanto, para a técnica de jornalista é facilmente aprendida na prática, diferente da técnica de um engenheiro, ou de um agrônomo, para não citar muitos, por isso a profissão, em tese, não perde em qualidade técnica com o fim da obrigatoriedade do diploma.

Isso torna a faculdade de jornalismo sem importância?

Não, em absoluto. A faculdade de jornalismo continuará sendo relevante no que tange à formação de profissionais de jornalismo, em relação a sua ética e sua visão de mundo (e também tecnicamente) especialmente se houver uma mudança radical na forma como são formados os profissionais hoje em dia. Atualmente, 80% dos jornalistas formados no Brasil saem das faculdades particulares, que tendem a ter uma formação cada vez mais tecnicista. Hora, se um estudante tiver que pagar R$ 600,00 para cursar uma faculdade e aprender o que poderia aprender em um curso técnico, então realmente a faculdade de jornalismo perderá o sentido. Agora, se a formação de jornalistas seguir o que faz a UNAMA, por exemplo, em Belém, a faculdade e jornalismo continuará sendo pra qualquer dono de jornal com mais de dois neurônios o espaço onde se buscará os/as novos/as profissionais. Se coloque como dono de jornal. Você buscaria novos jornalistas na academia ou em qualquer classificado? Você tem dois candidatos a uma vaga, um é formado em uma universidade reconhecida de jornalismo, outro é formado em engenharia sanitária. Quem você contrataria?

Qual o fundamento para isso, afinal?


Façamos um exercício rápido:

Alguém questiona a necessidade de diploma para ser escritor profissional? Alguém questiona a necessidade de diploma para ser pintora profissional? Alguém questiona a necessidade de diploma para ser cantor ou atriz profissional? Lógico que não. Mas não existem faculdades de tudo isso sem necessariamente as/os artistas reconhecidas/os terem passado por elas?

Citemos aqui um exemplo: Tom Zé passou pela faculdade de música, e nunca negou a importância que a formação acadêmica teve para sua formação. Gal Costa aprendeu a cantar "de ouvido". Alguém imagina em um debate, mesmo os de boteco, em que se afirme que Gal é melhor ou pior que Tom Zé por conta de um diploma?

Agora imagina se a moda pega de obrigar diploma universitário pra essas formas de expressão humana? O povo do curso de letras vai começar a exigir que só quem pode publicar livros sejam pessoas formadas em letras.

Sei que parece absurda essa comparação, mas a coisa é mesmo por aí. Afinal de contas, a constituição garante que todos e todas tenham liberdade de expressão. E mesmo que ela não afirmasse isso; qualquer pessoa de bom senso chegaria a conclusão que o direito de se expressar, seja numa matéria ou artisticamente, é universal, não restrito apenas aos bem aventurados que conseguiram passar pelo crivo dos vestibulares da vida.

Foi pensamento corporativista que fez com que muitas faculdades de jornalismo e o sindicato d e jornalistas quisessem a obrigatoriedade do diploma, porque assim o mercado abriria. Pensar em dinheiro a frente das pessoas, aliás é o motivo mais repugnante do mundo pra se exigir algo tão sensivelmente importante. Argumento mais sereno usou o jornalista Alberto Dines, dizendo que a simples "desproibição" sem um tipo de regulação acaba por favorecer muito mais o interesse das grandes empresas do que da liberdade de expressão universal. Mas, penso eu, que apesar do fim da lei de imprensa (abolida pelo mesmo STF em 30 de Abril desse ano), temos condições, através de uma outra lei, moderna e democrática, ou de mesmo através de uma emenda de lei, de conseguirmos chegar a um patamar de jornalismo sério, que favoreça a multiplicidade e a complexidade de um país tão plural (e desigual) como o Brasil.

Para finalizar, gostaria de dizer que este ano, após muita luta, a sociedade brasileira conseguiu conquistar o direito de discutir amplamente os rumos da comunicação tupiniquim. A conferência naiconal de comunicação será um espaço privilegiado para por em palta todas as possíveis lacunas que essas recentes decisões do Supremo deixaram. Assim como comecei apresentando a origem da obrigatoriedade do diploma. A lei de imprensa, extinta em Abril ,também foi criada pela ditadura, e acabou por pressão dos megaconglomerados de comunicação, como a Rede Globo, da mesma forma como o fim da obrigatoriedade do diploma passa pelo mesmo interesse. Afinal, penso serem justas ambas as decisões; resta agora saber se tanto a Conferência de Comunicação, como futuramente o próprio STF poderão aprovar alguma lei ou alguma interpretação da lei que garanta a livre expressão de todas e todos, de fato e de direito. Algo que, sem dúvida, será um baque contra a vós da elite que são os grandes meios de comunicação.

domingo, 21 de junho de 2009

SEU SANTO, HOMEM DE FÉ E DE LUTA

Seu Santo é uma espécie de anti-mito, pois teria todas as condições para ficar no mais completo anonimato em nossa sociedade padronizada. É idoso, um pouco tímido, corpo franzino, não possui curso superior, não é rico, não tem parentes importantes, e veio do interior. No entanto, esse senhor de voz grave e palavras contundentes virou uma espécie de ícone da militância de Ananindeua, sendo uma das figuras mais conhecidas nos partidos e movimentos de esquerda nas terras do Ananim.
O nome de batismo de Seu Santo é Francisco Pereira da Costa. Nasceu na cidade de Aquirás no interior do Ceará. O único filho homem dos cinco da família Costa recebeu da mãe também o apelido pelo qual ficou conhecido. “Ela me pegava no colo e me apresentava a todos com o seu santo”, comenta o homem que diz estranhar quando o chamam de Francisco, tamanha a intimidade com o apelido pelo qual é conhecido.
A infância foi vivida na beira de um braço de rio que só corria pelo inverno. Brincava muito na água onde logo aprendeu a nadar. Quando maior, ajudou o pai na roça até completar 18 anos. Então foi morar em Fortaleza e viver lá por sua própria conta. Seu Santo se define como alguém inquieto, que não consegue ficar fazendo a mesma coisa o tempo todo. “Por volta de 1957 pra 58 meus primos viriam a Belém, e eu encasquetei de vir também”, conta Seu Santo, meio envergonhado da atitude impulsiva.
Chico – como era conhecido em seu ambiente de trabalho o Seu Santo – veio a Belém sem avisar os seus pais. Veio de navio, que era o único meio de transporte além de avião que chegava de fortaleza ao Pará. A viagem demorava quatro dias, isso se o navio não tivesse que aportar na desaparelhada estiva de São Luiz, que ai já se ia mais um dia. Somente quando chegou a Belém Seu Santo escreveu avisando aos pais de sua nova aventura. “Isso foi uma judiação”, reconhece.
Depois de cinco anos em terras paraenses, foi visitar os pais pela primeira vez. Quando quis voltar a Belém era período de estiagem, e nessas circunstâncias o governo cearense requisitava aos navios que trouxessem os moradores de lá de graça. Seu Santo resolveu então vir de trem. Apanhou um de Fortaleza a Teresina, e de lá foi a São Luiz. Chegando a capital maranhense, quando estava sentado, um senhor simpatizou com seu jeito e o convidou para trabalhar com ele naquela mesmo. Resultado: o agora meio nômade Seu Santo ficaria dois anos trabalhando no Bairro do Desterro, onde eram desembarcadas cargas de peixes. Ele conta que na ocasião tinha que dormir lá mesmo, junto a vários nordestinos “retirados”.
“Depois de dois anos no Maranhão, eu entendi que deveria vir pra cá (Belém), onde estavam meus parentes, minha tia, meus primos”, lembra Seu Santo, que no início da década de 60 casou-se com sua prima Terezinha com quem teve 10 filhos. Na época de seu casamento, ele trabalhava na construção civil, como ajudante de pedreiro. Aposentou-se em 1996 já como encarregado de obras após trabalhar em empreitadas importantes como o prédio do Instituto Teológico Batista Equatorial, que fica ao lado do Shopping Castanheira, o Istituto Bom Pastor, escola católica mais famosa de Ananindeua; e seu último trabalho antes da aposentadoria foi na construção do prédio do Jornal “O Liberal” na 25 de Novembro.
História que se confunde com a de Ananindeua
Seu Santo quando casou foi morar na primeira ocupação de Ananindeua, chamada de Brasília. Sua mulher foi quem conseguiu demarcar o lote da família, enquanto ele trabalhava. Na ocasião, início da década de 60, um homem chamado Lauro Bragantino descobriu que aquelas terras não tinham dono, e como muitas pessoas moravam de favor na época (maioria nordestinos), resolveram ocupar.
Depois disso o deputado Sebastião Souza (MDB, do grupo do Jader Barbalho) ajudou a população que invadiu o Pimental do deputado Ferro Costa, onde havia muita terra improdutiva. “Como Sebastião Souza era puxa-saco do Jader, resolveu dar àquela ocupação o nome de 'Jaderlândia'”, conta Seu Santo, que observou, principalmente após a ocupação do Jaderlândia, a cidade de Ananindeua sofrer uma espécie de “boom” de ocupações, que marcou o crescimento da cidade.
O homem grisalho que a não ser pelo “é” que pronuncia à nordestino tem um sotaque muito próprio da região de Belém viu a cidade crescer com uma velocidade vertiginosa. “Eu lembro que onde é hoje a BR 316 funcionava uma linha de trem, a Belém-Bragança”, conta o senhor que não sabe explicar como tantas pessoas morreram no trilho, apesar do barulho estridente que a máquina fazia. Para cada pessoa morta nos trilhos era pregada uma cruz, nas proximidades do local da morte da pessoa. Ele conta que em frente ao local que hoje é a Itapemirim havia uma cruz, por exemplo.
“Quando eu cheguei aqui a carroceria dos ônibus era feita de madeira e era confeccionada em Belém mesmo, pelos carpinteiros daqui. Então os ônibus eram todos com carroceria de madeira que eram montadas sobre o chassis, e janelas tinham uma cavidade que servia pra gente levantá-las”, relata o imigrante nordestino que via o povo se assustar quando o busão da época arrancava e fazia com que as janelas de madeira caíssem com beira, assustando e as vezes machucando, inclusive, os passageiros.
Os primeiros ônibus com carroceria de alumínio foram trazidos pelo político Zeno Veloso de São Luiz. A cidade de Belém foi crescendo, bem como a frota de veículos, desordenadamente como nós a conhecemos, Ananindeua e Belém continuaram sofrendo com a criminalidade, pela falta de urbanização e políticas públicas e Seu Santo observou tudo isso passar, mas não passivamente.
O militante Seu Santo
Em Ananindeua, as mobilizações de esquerda, como atos públicos, abaixo-assinados, articulação de partidos políticos, etc. historicamente foram articulados por membros da Igreja Católica. O movimento cristão responsável por isso é conhecido como Comunidades Eclesiais de Base (CEBS). Essa eclesiologia católica é marcada pela harmonização dos avanços das ciências humanas com a teologia moderna. A partir dessa experiência surgiu a Teologia da Libertação, cujo principal teólogo, Leonardo Boff, foi perseguido pelo Tribunal do Santo Ofício, então presidido pelo Cardeal Hatzinger (hoje Papa Bento XVI).
Seu Santo, membro da primeira comunidade da Paróquia Cristo Rei (Guanabara, Ananindeua), a São Pedro, junto com os demais foram formados por esse jeito de fazer Igreja. Segundo ele, as CEBS são o resultado genuíno da igreja que se faz povo e do povo que se faz igreja. “Se hoje eu sei alguma coisa, foi graças aos estudos bíblicos e formações que tive na comunidade”, admite.
Seu Santo se define como uma pessoa que joga sementes, que ajuda a fundar coisas para que outros venham e façam a mudança. Ele foi membro fundador e presidente da Associação de Moradores da Brasília. Participou ativamente do plebiscito contra a ALCA, que recolheu mais de dez milhões de assinaturas em todo o Brasil, ajudou a articular o primeiro Grito dos Excluídos de Ananindeua e fundou o Grupo Fé e Política da Paróquia Cristo Rei, isso só para citar algumas coisas.
No início da década de 90, as CEBS perceberam que seria importante eleger um representante de seu ideal para a Câmara de Vereadores de Ananindeua. “Os representantes do povo deveriam ser escolhidos pelo povo, e para o projeto que o povo decidiu é que o mandato deveria ser voltado”, conta orgulhoso Seu Santo que ajudou a eleger João Amorim vereador. Durante o mandato, o novo vereador do Partido dos Trabalhadores descobriu que Edmilson Rodrigues (ex-prefeito de Belém) tinha uma casa pra vender. Ele avisou aos membros das CEBS que se mobilizaram e compraram a casa que hoje é conhecida como “Casa das CEBS”, localizada no centro de Ananindeua.
A relação das CEBS com o PT, inclusive, é intrínseca. “O PT nasceu praticamente numa sacristia”, conta Renato Damasceno, 28, militante do PT e participante das CEBS. Ele fala que essa ligação do PT com a igreja, se dá entre outras coisas porque nos tempos da ditadura, com toda a repressão, as igrejas eram o melhor lugar pra reunir escondidos da polícia, e alguns padres adeptos da Eclesiologia Libertadora católoca não só davam cobertura, como eram membros ativos do movimento, assim como muitos fiéis católicos.
O mandato de João Amorim terminou de forma frustrante, lamenta com um tom de decepção Seu Santo. Segundo ele, João Amorim deixou o poder subir à cabeça, e esqueceu a coletividade. Quando não foi reeleito no pleito subsequente disse que foi traído pelas CEBS e quis tomar posse, sem sucesso, da Casa das CEBS que afirmava ter sido ele o comprador.
Seu Santo em nenhum momento admite o significado que tem para a igreja e para a militância de Ananindeua. Mas em 2006, durante uma reunião do coletivo de esquerda de Ananindeua, que tratava sobre a aquisição de uma rádio comunitária, o experiente militante saiu antes da reunião acabar resmungando que já vira filme igual, que aquilo não daria certo. A reunião acabou na hora em que o Santo saiu, pois os jovens presentes não sentiram estímulo de continuar sem ele. “O Santo é uma pessoa que nos inspira, seu ânimo nos motiva, e sua presença é o símbolo da luta assumida por nós”, comentou na ocasião Zé Maria, 39, presidente da Associação de Moradores do Bairro da Castanheira na época.
Reza a lenda que o senhor que viu Ananindeua crescer era recebido sem aviso na sala de D. Zico antes deste se aposentar do cargo de Arcebispo Metropolitano de Belém. E sua fama não é espalhada com propaganda, outdoors ou coisa parecida. Basta uma reunião com o homem para ficar embasbacado com a lucidez e firmeza de suas palavras. Basta ver o aposentado de 79 anos andar de bicicleta por toda Ananindeua para divulgar as atividades e as campanhas nas quais milita para ter por ele o respeito devido. Com seus olhos miúdos, que lêem sem óculos, ele sempre olha na agenda lotada de atividades antes de marcar (sem furo) a próxima atividade.
No início de 2009 ele sofreu um acidente. Atropelado por uma moto bateu a cabeça e passou dias em coma. De repente toda a Igreja e militância de Ananindeua faziam contato entre si para saber notícia desse homem que apesar da aparente fragilidade só inspira vida. “Eu nunca falei com ele, nunca estive com ele, mas tenho um profundo respeito por tudo o que ele representa”, revela o jovem Rômulo Costa, 21, quando questionado se conhece o Seu Santo.
O cearense radicado no Pará diz que não tem nada de santo. “Se voltasse atrás, jamais casaria com uma prima. Não concordo com isso”, revela o homem que se separou da esposa antes de ela vir a falecer há três anos. Diz também que não foi muito presente na educação dos filhos, pois trabalhava o dia todo; o que tentou foi levá-los à igreja, mas sem sucesso. Se revela um pouco desapontado ao ver que muita coisa não mudou apesar de sua luta. Apesar disso, comenta que não se arrepende de ter votado em Lula, “foi importante colocar um trabalhador no poder, e eu votarei em Dilma (Russef – Ministra Chefe da Casa Civil e candidata de Lula a presidente para as próximas eleições), pois quero ver uma mulher no poder pra ver que diaxo ela vai fazer”, descontrai.
“Acredito nos jovens. Acredito que temos de dar oportunidade a eles para que eles façam a mudança”, revela o senhor que aposta suas fichas, e tudo o que ele semeou, na juventude. “A juventude não deve fazer o que eu fiz, deve fazer coisas novas, pois é essa a beleza de ser jovem”, argumenta.
O homem que escreve uma gazeta mensal com notícias e reflexões sobre fé e política, mora em um quartinho, no terreno que ele comprou ainda em 74 para deixar para os filhos. Mora só, e é conhecido na rua onde mora hoje me dia, na Guanabara, como o homem que planta o jardim em frente à sua casa. As pessoas vêm e destroem, mas ele sempre planta de novo. Ou seja, mesmo para quem está fora das esferas política e eclesial, Seu Santo é conhecido como um homem que semeia. Podem matar as flores, mas o perfume que fica guardado em nossa memória nos motiva a lutar contra os espinhos da vida. “Seu Santos é mais que um homem, é um exemplo” diz Jeruza, 31, militante católica.



Composições

Quando eu começava a compor (acho que era 2000 ou 2001), a equipe da minha irmã precisava de uma paródia ou uma poesia que retratasse o livro que elas pegaram pra ler, para um trabalho de literatura. O livro era sobre a história do Brasil, mas não lembro o nome do autor ou da autora no momento, tão pouco o título do livro.

Eu então cometi uma heresia: peguei uma canção composta porRenato Russo e fiz uma oura versão. A canção é "Eu Sei", que está no álbum "Que País é Este? 1978-1987". Na minha versão ela passou a se chamar "Eu votei", e tento nela contar a história do Brasil em poucos versos.




Eu Votei (Eu Sei)

Um povo sem moral,
em expansão marítima
com óculos escuros
o grau todo europeu.
Não quero lembrar
que eu os tenho também

Um dia pretendo
tentar descobrir
porque falo português
e não falo tupi.
Não quero lembrar
que eu bebo coca também

Eu votei
Eu votei

Se aqui se dá o que se planta,
não se viu plantar o amor
nem o respeito por ninguém.
Imagine tanta índia estuprada
por anos e anos e anos.
Portugal se foi
falecemos ao invés de morrer.

Mas não lute, não é a moda.
Temos samba temos festas,
somos bundas e novelas.
Felizes pássaros tolos
explorados no ninho

Eu votei
Eu votei

sábado, 20 de junho de 2009

Descabaçando meu Blog



No fim do ano passado, estabeleci como uma das minhas metas a acriação de um Blog ainda no primeiro semestre deste ano. Sabe aquelas mentiras que a gente conta pra nós mesmos quando estamos na tansição de um anu(S) pra outro? Não ?! pois é... dessa vez resolvi tomar vergonha na cara e concretizar uma dessas promessas. E essa não é só mais uma excessão pra confirmar a regra, mas um instrumento pelo qual poderei divulgar meus devaneios, minhas intrigas, minhas opiniões, e tudo mais que eu achar relevante partilhar com as pessoas que gosto e com as que não suporto também (afinal, a internet é democratica).

Neste espaço, pretendo mostrar um pouco de minhas facetas criativas: a de compositor, poeta, escritor, e, principalmente, minha criticidade. Acredito, inclusive, que a coisa mais recorrente aqui serão críticas; não no sentido gratuito de discordar de tudo, mas uma criticidade no ponto de vista filosófico mesmo, porque penso ser esse o traço de minha personalidade mais útil para os/as outros/as.

Tomara que eu consiga ser qualquer coisa menos chato, pois como diria Cazuza, "só não há perdão para o chato". Sejam todas e todos Bem Vindos!