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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O Canalha - Caça 5

Ele foi ver o amigo baterista se apresentar num barzinho desses da vida. A banda era muito interessante, como não é difícil encontrar por aí. Tem muita gente ótima que jamais consegue um lugar de destaque no mundo artístico. Mas não, ele não vai fazer uma aventura musical neste post, e sim, tem uma cantora gostosa na banda do amigo baterista, e sim de novo, foi por isso, realmente, que ele foi ao barzinho.

O amigo do Canalha falava muito dele, por isso quando foram apresentados, ela foi logo perguntando se ele era o amigo safado. Como ela perguntou com um sorriso no rosto, ele aproveitou a deixa pra não se conter. Depois de conhecê-la e de dizer oi, tudo o mais que falou foram elogios e provocações. Ele dizia, por exemplo, que achava que se ela gemesse como ela canta, não haveria homem que resistisse, etc, etc. Isso depois de menos de cinco minutos de papo. E assim ele fez por mais 6 semanas seguidas. E toda vez, a partir do primeiro dia, ele dizia que no próximo show ele iria ao pequeno camarim do barzinho transar com ela antes do show, porque aí sim ela entraria aquecida. Ela sempre ria. Ele nunca ia. Ela sempre dizia que ele não teria coragem. Ele sempre ria.

Depois de dois meses seguidos (três vezes por semana), ela já ia pra lá esperando encontrá-lo. Já sentia saudades dele. Mas obviamente não admitia. Ela prometeu a si mesma que não ia ser mais uma vítima dele. Então, súbito, o Canalha parou de ir. Simplesmente sumiu. Durante os dois primeiros shows com a ausência dele, ela cogitou perguntar ao baterista por ele, mas não queria demonstrar qualquer saudade. Mas o amigo (conforme previamente combinado) sempre falava dele Na verdade, o Canalha ia aos shows, mas não entrava, ficava esperando ela ligar antes da  apresentação. Ela até ligou umas três vezes, mas sempre de dia ou depois das apresentações. E o Canalha não atendia. Até que um dia, ela ligou antes de subir ao palco (BINGO!). Depois do segundo toque, ele bateu à porta do mini-camarim. Ela foi atender com o telefone ao ouvido. Era ele.

Ele a pegou pelo braço antes que fingisse não querer, e fez exatamente como descreveu a ela em tantas conversas. Não trancou a porta (pra aumentar a emoção), e a encostou com força na parede. O corpo dele parecia querer afundá-la na parede. O fez com tanta força, que num momento se afastou um pouco preocupado em não machucá-la, mas ela logo tratou de demonstrar que aquilo não era suficiente para machucá-la. Ele Abriu o feiche da calça e começou a roçá-la sobre a saia e a calcinha. Ela tentou fugir de lá umas duas vezes, mas quando ele levantou a saia e arredou a calcinha, só restou a ela gemer e curtir aquele momento que nem ela sabia que queria tanto. Alguns gemidos dela foram audíveis aos amigos (e cúmplices) dela mesmo em meio ao estrondoso som ambiente, mas nenhum deles comentou com ela (naquele dia).

Quando acabou, ela perguntou a ele por que ele fez aquilo com ela. "Porque você queria, flor", respondeu ele. Ela se ajeitou e foi cantar. Depois do show eles foram a um motel, mas não teve a mesma graça, por isso eles saíram do motel e fizeram na rua mesmo. "Uma relação que nasce torta nunca se endireita", analisava o Canalha. "O lado ruim dos desejos probidos é que as vezes eles se realizam", retrucou ela.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Sobre protagonismo e catálogos...

A juventude está fazendo uma revolução no norte da África. A juventude que, justamente pela influência da internet, das redes sociais, das novas tecnologias, costuma ser chamada de apática, acomodada e superficial hoje em dia é a mesma juventude que usa esses novos recursos pra derrubar velhos modelos na África. A juventude de 1968 não era necessariamente "A tal" porque não eram TODOS os jovens que tinham como sobrenome McCartney ou Hendrix, assim como nem toda a juventude de hoje em dia se renderia a um Mubarak da vida. A história é feita por quem a faz, e os rótulos são apenas guias para as prateleiras e nada além disso.


A juventude de hoje em dia é o quê mesmo?
Depende
 de cada um e cada uma jovem.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Amor x Sexo

Atendendo a mais um desafio do jornalista e blogueiro paraense Adison César Ferreira do ...LENDA PESSOAL, feito a mim e a blogueira Sara Portal, do blog Maktub!!!, que seria tratarmos de AMOR E SEXO. Adison já escreveu aqui a sua maravilhosa contribuição, então hoje a bola está comigo, sendo que amanhã é a vez da Sara. Então já que a bola tá comigo, vamo lá...



Como Arnaldo Jabour já falou quase tudo a respeito da diferença entre amor e sexo, resolvi falar então sobre algumas coisas que existem em comum.

Ambos são assuntos de amplo debate, no qual muitos sabem quase nada (incluindo eu), mas julgam saber quase tudo. Para o amor e para o sexo todo mundo tem uma opinião, seja ela libertária ou conservadora. Pior, todo mundo tem uma fórmula. Tudo quanto é diabo de revista, livro, programa de TV, música, papo de bar, todos querem explicar em última instância como fazer sexo e viver o amor da melhor forma possível. A impressão que dá é que não tem ninguém que se dá mal no sexo e/ou no amor, pois, seja o cara que não come ninguém ou a mulher que está solteirona a vida toda, todos/as parecem viver no paraíso verbal das certezas absolutas.

Há quem diga que para o sexo e para o amor a gente deve estar pronto para se abrir, se arreganhar mesmo ou mergulhar de cabeça com tudo. Há quem diga que para o amor e para o sexo devemos viver não para os outros e sim com os outros, além de, seja com os cuidados de nossas mãos ou das mãos alheias, cuidar do nosso da mesma forma que cuidamos do outro, e jamais esqueçamos que embora tentemos o tempo todo fazer que dois se tornem um, o nosso um e o um do/a outro/a jamais deixará de existir individualmente. Eu costumo dizer que o amor e o sexo são um jogo no qual ficamos felizes que o/a outro/a ganhe e comemore conosco, e enquanto ambos estão com a mesma vontade e a mesma felicidade que o/a outro/a vença, tudo está em paz, pois amor e sexo sem equilíbrio é sinônimo de que, no mínimo, uma pessoa ficará na mão, ou seja, no amor e no sexo, é dando que se recebe, e é só dando que se fode.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A Igreja como ela é - O bom obreiro.

Baseado na obra de Nelson Rodrigues, conto aqui histórias que deveriam ser mentirosas, mas não são.


O BOM OBREIRO.


Era uma igreja famosa pela presença de muitos jovens. Quem invejava a juventude dali mal podia imaginar que o maior desafio da moçada lá não eram as drogas, as bebidas ou a prevaricação, e sim a "diaba de uma velha" (palavras de um deles). E de tanto falarem de missão, velha, envio, velha, conversão, velha, perdão, velha, misericórdia e mais da velha, num culto desses da vida um jovem recém convertido encasquetou que ouviu Jesus dizer que o propósito de estar ali era renovar a velha (oi?). Apesar de esse tipo de "visão" ser considerada normal e ao mesmo tempo obra do senhor, não houve quem o encorajasse nessa missão. "Tem certeza que Jesus falou mesmo isso? Tem certeza que não mandou dizer pra ela orar só em casa pra sempre?", murmuravam alguns (jovens de pouca fé).

Mas o novato, com toda a empolgação do mundo parecia irredutível. "O que um novato vai ensinar pra uma irmã que praticamente fundou essa congregação?", cochichavam alguns no começo. Mas os resultados, surpreendentemente, apareceram muito depressa. Em menos de um mês, a senhora (sim, eles passaram a chamá-la de senhora) parou de despejar grosseria gratuita, passou a não ser a primeira a apontar o dedo na cara das pessoas, aliás, passou a não mais fazer intriga com ninguém. Tudo ficou tão melhor, que o novato "redentor" passou a despertar a atenção das irmãs "moças" mas ele não dava bola pra nenhuma. Parecia mesmo querer apenas servir o Senhor.

Súbito, a ex-megera parou não só de falar grosserias, como passou a não falar mais quase nada. Parecia uma morta viva de tão silenciosa Parecia estar sofrendo. Só que ela, ainda que diferente, não foi o assunto mais discutido dessa vez. Sentiram falta mesmo foi do novato, que parecia tão convertido e de repente parou de frequentar os cultos. Duas semanas sem aparecer e sem atender o celular, e a galera tratou de ir até a casa dele pra tentar resgatar a alma aparentemente vacilante. Foram recebidos pela mãe e pelo irmão que acenou rapidamente e continuou jogando videogame. A mãe, muito discretamente, passou o recado que não era da conta deles onde o filho estava, mas que ele não estava mais naquela cidade. Eles, também discretamente, insistiram. A mãe, o mais discreta que conseguia ser, apesar do constrangimento aparente, tentou dizer que ele estava bem, embora longe dali, os amigos já iam insistir de novo até que o irmão do novato, que estava nitidamente irritado por estarem naquela lengalenga, explodiu:

- Conta logo pra eles que a senhora pegou ele comendo uma velha na cama dele, mãe!

A mãe corou, e quase se enterrou sob o tapete. E ainda jogando, de costas para os presentes, continuou.

- Conta pra eles que ele foi mandado pra igreja porque tinha um caso com a professora, outra velha, e que a senhora mandou ele pra casa do papai em Curitiba porque não sabe mais o que fazer com ele.


A mãe fuzilou o filho com os olhos, enquanto as bochechas pareciam mais uma pimenta malagueta.


- Pronto, agora eu vou ficar de castigo uma semana porque meu irmão maior gosta de comer velhas.


...

Não se sabe quem ficou mais constrangido, se foi a mãe ou os amigos. A vontade que todos tinham era de se teletransportar pra uma outra dimensão, mas tudo acabou com o mais insosso dos tchaus. "Ele seria um bom obreiro", comentou um jovem depois de sairem da casa.
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Imagem: Google.