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sábado, 26 de novembro de 2011

O Canalha - Caça Especial


Dessa vez, não sou eu quem contarei a história do personagem predileto da mulherada. Quem conta essa caça especial de "O Canalha" é a Mirella do blog Mi amore. Deliciem-se.

Carolina cresceu em uma família de médicos. Aos dezessete anos, iniciou o curso de Medicina em uma das mais tradicionais faculdades de seu estado. Ela era a previsibilidade em pessoa. No primeiro ano da faculdade, conheceu seu primeiro namorado, um “mauricinho” rico e convencional como ela, e com quem mantinha relações sexuais mornas e padronizadas, com orgasmos raros e tímidos. Manteve o relacionamento por oito longos e tediosos anos, até ela descobrir que ele a traía com a moça cuja família era a mais tradicional e influente da cidade.t

 Estava há um mês sem namorado quando se mudou para um estado vizinho, a fim de iniciar um mestrado. Ao sair com os novos amigos da faculdade, viu aquele sujeito e teve arrepios. Ele era lindo, não podia negar. Moreno, musculoso e tatuado, andava de mãos dadas com uma garota linda, de pele bronzeada, longos e esvoaçantes cabelos loiros e usando um short curto, que exibia as pernas mais perfeitas que Carolina já vira em toda a sua vida. Sentiu arrepios e nojo porque o sujeito devorava Carolina com os olhos, sem se importar com a garota ao seu lado. “Canalha, não tira os olhos de mim mesmo com a namorada ao lado!”, pensou Carolina. 

“Hum, carne nova no pedaço. E essa é diferente das outras.” Pensou Marcos, ao avistar Carolina. Ele não havia sequer terminado o Ensino Médio, mas sentia-se doutor no quesito “sexo feminino”. O recato e o luxo estavam estampados em Carolina. Ela estava elegantemente vestida com salto scarpin preto, saia social um pouco acima dos joelhos e uma blusa azul de seda, comprada em sua última viagem a Paris. Seu requinte se destacava aos olhos de Marcos, acostumado àquele mundo de microvestidos e macrodecotes. “Uau, um prato cheio para a minha luxúria”, zombou ele em pensamento, enquanto desfilava ao lado de Denise.

“Uma vadia totalmente louca por mim”. Era assim que ele definia Denise, a loira de pernas perfeitas. Marcos procurava Denise nas noites frias de inverno, quando não conseguia nenhuma gostosa carente e louca para ouvir umas mentiras sobre amor em troca de uma boa trepada. Ela procurava desesperadamente chamar sua atenção e agradá-lo, por isso vestia-se de modo vulgar e fazia sexo como uma puta profissional, gemendo falsamente a fim de que ele se sentisse “o cara” na cama. Denise vibrava de felicidade quando ele ligava nas sextas à noite, imaginando que, no fundo, ele a amava, por isso sempre voltava a ligar.


Denise sempre via Marcos na companhia de outras mulheres, mas contentava-se com as migalhas de carinho que recebia. Ela se enchia de felicidade quando ele falava, durante o sexo, e enquanto puxava seu cabelo, o quanto ela era uma putinha gostosa. "Ah, ele só tem medo de ter um relacionamento sério", pensava ela.

 Agora Marcos estava ali, diante daquela garota linda e requintada, de pele clara e cabelos negros cuidadosamente penteados. Estava louco para sentir o cheiro e o toque daquele pele. Estava louco para desabotoar aquela blusinha de seda e despentear aqueles cabelos. Imaginou-se deslizando a língua por aqueles mamilos e teve arrepios ao imaginar o que ela escondia por debaixo de tanta banca. Estava morrendo de tesão e decidiu: precisava se aproximar daquela delícia.

Dias depois, Carolina não entendeu nada. Lá estava ela, em uma festa de acadêmicos. O que aquele ser desprezível estava fazendo ali? Marcos estava na sua frente, sorrindo gentilmente e lhe oferecendo uma bebida. Ela hesitou, mas decidiu aceitar. Iria manter-se à distância do sujeito e, afinal, estava em uma festa cheia de colegas. Que mal poderia lhe acontecer? Conversaram casualmente e Carolina se surpreendeu ao perceber que já havia contado que era médica, assim como seus pais e irmãos, que vinha de outro estado e que havia recentemente terminado um namoro de oito anos. Aquele cara era realmente bom de papo. E ainda era cheiroso e envolvente. Será que ele teria terminado com a namorada? Pensou Carolina, tentando, ao mesmo tempo, afastar a atração iminente que surgia dentro de si.

Começaram a namorar. Marcos nunca mais procurou Denise. Era perigoso, precisava conquistar Carolina. Precisava ganhar sua confiança. O sexo entre eles era maravilhoso. Marcos pirava com a pele branquinha, macia e cheirosa daquela mulher. Dedicava-se por horas a chupá-la e a explorar com as mãos e a boca cada pedacinho daquele tesouro. Carolina nunca sentiu tanto tesão com um homem. Chupava com vontade e rebolava como uma verdadeira safada. Ficava irreconhecível quando despia a fantasia de “boa moça”.

Dois meses depois, Carolina estava completamente apaixonada por Marcos e ele decidiu: “É agora. Não tem como falhar.” Levou Carolina para jantar. Vinho à vontade. Muito, muito vinho. Era sexta feira e, a uma da manhã, Carolina estava tonta. Marcos pediu que ela realizasse uma fantasia sexual dele. Disse que seria o homem mais feliz do mundo e que jamais esqueceria esse presente. Ela perguntou do que se tratava, com a voz embargada e acariciando as coxas dele. “Menage. Eu, você e outra mulher.” Ela estava prestes a dizer a ele que jamais faria aquilo quando percebeu os sinais de desapontamento em seu rosto. “Ok. Eu topo.”

Carolina e Denise. Ambas apaixonadas pelo mesmo homem e dispostas a agradá-lo. Ali, juntas. Denise quis beijá-lo. Ele pediu que beijasse Carolina. Ela beijou. Lentamente, sentiu os lábios macios da moça branquinha. Carolina estava em êxtase. As mãos de Denise eram quentes e ávidas. Exploravam o corpo uma da outra com maestria. Carolina desceu a boca e sugou de leve os mamilos de Denise, que gemeu de prazer. Com vontade, Carolina deslizou suas mãos pelas pernas perfeitas daquela loira sensacional. Denise virou-se e fez com que Carolina deitasse. Chupou-a com imenso tesão e Carolina gozou como nunca em sua vida. Denise também gozou, nas mãos de Carolina.

Foi só depois que notaram que Marcos não havia participado. Assistia a tudo sentado, gozando sozinho, extasiado com a cena daquelas duas mulheres incríveis. A loira e a morena. A recatada e a putinha. Sentia-se o homem mais feliz do mundo. Estava louco por elas. Apaixonado pelas duas. De um modo que nunca imaginou que seria.

Elas nada disseram. Vestiram-se e saíram, deixando Marcos sozinho e perplexo. Denise e Carolina nunca mais o procuraram. Não aceitavam as suas ligações. Não atendiam quando ele batia à porta de suas casas. Marcos nunca mais foi o mesmo. Ficava com outras garotas, mas aquelas duas não saíam de seus pensamentos. Carolina iniciou um namoro com um rapaz do mestrado, tempos depois. Denise continuava solteira, mas ficava casualmente com um ou outro cara nas baladas.

E nunca, nunca mais deixaram de se encontrar, assistir a filmes regados à pipoca, rir da cara do Marcos e gozar como loucas. “Programa de amigas.”,  Carolina dizia ao namorado. 

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Espiritualidade


"O tambor faz muito barulho
mas é vazio por dentro"
(Barão de Itararé)

A espiritualidade não é um momento, uma vivência pontual. Tão pouco,  um balão  que sobe ao céu cheio apenas de vento. É uma condição existencial que habita a vida de todas as pessoas como uma mola propulsora a nos impulsionar, mesmo quando não temos mais forças, sempre em direção a algo que no íntimo de nosso ser sabemos que vale a pena. E é pena que nos tempos pós-modernos atuais, em que o sagrado retorna morbidamente maquiado de desejos de riquezas e medo de viver as dores da vida, as pessoas não consigam vivenciar a espiritualidade como a dimensão da nossa resistência no caminho das pedras que são as utopias.

Lembro que, certa vez, um amigo militante dizia que espiritualidade é como as raízes de uma planta. Quanto mais fincada e enraizada a planta está num dado terreno, mais ela tem condições de resistir às tempestades da existência. E diria que uma das maiores tempestades de nossas espiritualidades é justamente a idiotização da fé, fecundada por pseudo-espiritualidades que comercializam a esperança e vendem a imagem de um Deus que não resiste a meio quilo de inteligência ou muito menos a um quarto de quilo de bom senso.

Isolar-se numa redoma de mentiras dentro de uma igreja e fazer pessoas tomarem doses diárias de catarses espiritualistas é algo que agride a vida das pessoas. É uma das formas mais lamentáveis de violência. A espiritualidade de verdade não nos estagna, muito menos nos move para trás. Ao contrário, a espiritualidade é a parte de nós que não consegue ficar presa à opressão que a realidade impõe e nos impulsiona a imaginar um lugar melhor e construí-lo aqui onde estamos. Espiritualidade é essencialmente um espírito de transgressão, de inconformidade com o estabelecido. A espiritualidade não apenas existe para propagar o temor a lobos, mas também para questionar as cercas que aprisionam o rebanho e o cajado opressor dos pastores.



Espiritualidade é crer que as sementes germinam se plantadas no solo bom dos corações e mentes das pessoas. Espiritualidade é militância radical da fé no que é, e principalmente no que deve ser bom. Espiritualidade é rezar a cartilha da poesia, adorar a figura divina da tolerância e se ajoelhar diante do bem maior. Espiritualidade é crer na redundância, até mesmo no pleonasmo do amor solidário. A espiritualidade habita naquela que "não sabendo que era impossível, foi lá e fez"*, mas, principalmente, move aquela que mesmo sabendo que era impossível, foi lá e fez mesmo assim.
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*Mark Twain

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

¿Tiempo Perdido?


"À Procura da Felicidade" foi um filme que, confesso, demorei bastante para assistir. Isso porque quando li algumas sinopses, o longa me pareceu mais uma história de incentivo ao falacioso "Sonho Americano", onde todas as portas estão abertas para você ficar feliz através do dinheiro que você ganhará. Mas aí, um dia sem muito pra fazer, resolvi assistir quando a TV reprisou. O filme é bom. Mas o que mais me chamou atenção no filme não foi nenhuma cena que foi filmada, mas uma que foi contada pelo protagonista, e para mim foi mais imagética que todas as cenas fortes mostradas. Ele refletia sobre como sempre foi o melhor aluno da classe. Sempre elogiaram a sua inteligência. Ele achava que por isso, nunca passaria necessidade. Essa reflexão dele me tocou profundamente.


Nunca fui o melhor da classe. Nunca quis isso. Mas não são poucos os que chegam comigo e demonstram uma expectativa boa a respeito da minha carreira, dizendo que tem certeza de que eu vou conseguir o que quiser na vida e etc. E esse filme me fez despertar para a possibilidade de tudo o que consegui até agora não servir de muita coisa, pois não tenho nada ainda que construí efetivamente. E não falo só de coisas materiais, falo do meu nome, da minha significância para o mundo, para além do meu ciclo familiar. E se o filme da minha vida real, no qual sou protagonista querendo ou não, não terminar com final feliz?


Estou na reta final de minha graduação. Estou num momento de construção de projetos para minha carreira e para minha militância. E confesso que o tempo todo me vem a cabeça a pressão de vencer. De acertar. De conseguir ser o que acham (e o que eu mesmo acho) que sou. Mesmo porque, eu sou nietzschiano. Eu tenho vontade de potência. Não tem graça fazer parte de um mundo onde não fazemos a diferença. Nesse momento estou à procura da felicidade, da definição de que gosto o meu tempero dará ao mundo. Estou vivendo um momento de romance existencial cósmico entre o desespero e a esperança. Mas tudo bem. "Não tenho medo do escuro, mas (por favor) deixem as luzes acesas"¹.
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¹Tempo Perdido - Canção de Renato Russo.
Estarei ausente daqui pelo até o dia 15, aproximadamente. Tenho um congresso para ir no Rio Grande do Sul semana que vem, e tenho que ajeitar umas coisas antes, por isso não terei tempo de postar. Vou passar nos blogs antes de viajar pra dar um alô. Prometo.