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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Palavra

Há uma riqueza universal entre os seres humanos: a chamada palavra de honra. Pode ser preto, azul ou amarelo; pode ser rico, mendigo ou político, sem palavra, ninguém merece respeito. A única coisa que ninguém pode perder é a confiança daqueles que o/a amam, porque sem ela, o/a indivíduo/a perde a credibilidade junto a vida, e entra no limbo da descrença, pagando todas as consequências resultantes disso. Uma pessoa sem palavra é uma pessoa com passaporte eterno para o país dos aflitos.

O Brasil é a terra do jeitinho, a terra da malandragem, mas mesmo em nosso país, com o descrédito que a verdade vem merecendo, apenas os que mantém a sua palavra honrada conseguem viver em paz. Temos muita sujeira no congresso, no mundo empresarial, no seio familiar, mas não tem jeito, somente aqueles que valorizam a sua palavra conseguem deitar-se ao travesseiro e dormir direito.

Eu não sou contra a mentira em todas as instâncias, ao contrário, acredito que a mentira em muitos casos é uma forma de controle social. Paulo Autran, um dos maiores atores que esse país já teve, costumava dizer que todos nós somos atores da vida, mas atores profissionais são os que conseguem mentir e serem convincentes diante de uma câmera ou de uma platéia. Quando uma pessoa que gostamos muito está com uma vestimenta infeliz, e não queremos pegar pesado com o comentário, é comum maquiarmos a verdade, por exemplo. E isso não invalida o caráter do comentarista, ao contrário, pois a diferença entre o falso e o simpático está no objetivo da mentira. No entanto, a palavra a qual me refiro aqui é a palavra de compromisso mesmo.

Nós brasileiros temos o hábito de ter medo de dizer não. É muito comum recebermos um convite que sabemos que não vamos cumprir e, pra não passarmos por "moles" dizermos talvez, ou dizermos que vamos, mas na realidade sabemos que não poderemos. Está no manual dos safados e das safadas, inclusive, nunca dar fora definitivo em ninguém, porque um dia pode bater a liga e a pessoa querer se vingar do fora recebido. Esse tipo de comportamento se extende a casos mais graves, como no caso em que pessoas que não valorizam o comprometimento sincero alcançam o poder - seja a forma que for.

A falta de palavra faz com que policiais exterminem jovens inocentes e passem a mão em traficantes. A falta de honra faz com que políticos iludam comunidades inteiras em troca de voto. A falta da valorização da palavra faz com que, em última instância, a pessoa perca o crédito perante os demais. A pessoa pode até manter-se no poder sem palavra, mas esta será vista com desconfiança por todos e todas, e, no fim das contas, duvido que o poder e o dinheiro conseguido as custas da enganação não provoque uma falta de amizades verdadeiras e o consequente caos social pra esta pessoa.

Portanto, manter a palavra pode até não garantir grandes riquezas materiais, poder e status nessa sociedade nossa de cada dia, mas garante o que de há de mais palpável em termo de felicidade que é manter pessoas que amamos ao nosso lado. De que adianta dar uma de esperto se tudo o que podemos conseguir com isso é o descrédito daqueles/ daquilo que realmente nos trás felicidade. A enganação só nos trás de lucro amizades falsas e interesseiras, poder paliativo que pode sumir quando a fraude for descoberta, e vícios em entorpecentes e outras formas de fulgas da realidade para poder suportar a dor existencial. Por sua vez, tudo o que realmente trás a verdadeira felicidade, como o sorriso de uma criança, o colo de um amigo, o araço de um irmão, etc. só estão com conosco se fizermos por merecer a confiança plena daqueles que amamos.

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