Seguidores

Nuvem de Tags

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Infeliz, infelizmente, dia dos professores

A bandeira do Brasil expõe a frase "Ordem e Progresso", slogan da corrente positivista que era seguida pelos coronéis e militares fundadores da República Federativa do Brasil, e já naquela época, com os países imperialistas expandindo-se, e com novas nações aderindo ao perfil capitalista de gerir o Estado, já se tinha a consciência sobre a importância da educação para avanço de uma nação. Mas o Brasil, que até hoje é comandado por elites que preferem estampar nas bandeiras, nos cartazes e nas telas mensagens mentirosas, é o país do futuro incerto, porque não valoriza o papel da formação, da capacitação do povo e da tomada de consciência que uma política de educação eficiente pode proporcionar. Com isso, do ponto de vista da educação, vivemos plenamente a desordem e o atraso.

Meus amigos e eu costumamos comentar que as elites terceiromundistas são as mais idiotas do planeta, porque desprezam seus conterrâneos mais pobres e tiram deles o direito de crescer, porém, somente com um número maior de pessoas formadas e ganhando bem podemos ter um país grande, mesmo do ponto de vista do sistema capitalista de produção, afinal de contas, quanto maior o poder de compra das pessoas, mais a economia se aquece. Mas ao contrário do que acontece em países como a Itália, por exemplo, nós tratamos os/as educadores/as como profissionais marginais, e a educação pública como uma esmola educacional aos empobrecidos, fazendo com que a maior parte das pessoas tenha péssima formação intelectual e profissional.

O discurso por uma educação de qualidade é meramente um clichê eleitoral, mas todo e qualquer investimento feito até hoje pela educação foram passos muito curtos para um país com o potencial como o nosso. Claro que os/as educandos/as são as maiores vítimas dessa situação, mas na semana em que a comunidade escolar goza de um feriado prolongado pelo dia dos professores é salutar comentar o quão os/as educadores/as deste país são desvalorizados. Este ano, por exemplo, os/ professores/as paraenses tiveram que fazer mais de um mês de greve para que conseguissem que seu salário base ficasse compatível com o ( já minúsculo) salário mínimo, e ainda foram taxados de vagabundos por alguns setores da mídia. A consequência disso é que temos profissionais frustrados/ desmotivados em sala de aula, e consequentemente a educação, de forma geral, é empurrada com a barriga (vazia).

Quando falo de profissionais desmotivados, infelizmente, não me reporto apenas ao profissionais da rede pública, pois as escolas particulares também vivem um caos. Eu que dei aula particular durante algum tempo para alunos de escolas privadas, percebi o quanto a educação privada se diferencia da pública apenas no âmbito estrutural, mas no que tange ao processo pedagógico, na maioria dos casos o que vemos são métodos robotizantes de ensino, que Paulo Freire chamava de educação bancária, ou seja, professores depositam conhecimento, os pais cobram notas, os alunos aprendem a decorar fórmulas, e bingo! Pensadores do futuro que só pensam merda serão os que comandarão a nação dos vícios permanentes.

Na 5ª série eu tive um professor que mudou a minha vida. Nem lembro o nome dele, infelizmente, mas ele era/é professor de história. Lembro que ele chegou um dia na sala e chamou a Princesa Isabel de vagabunda, porque ela libertou os escravos mas não deu condições para que o povo negro pudesse viver como gente. Se eu não tivesse tido essa aula, talvez eu não seria o que eu sou hoje. Além de dar aulas maravilhosas, ele fazia questão de deixar claro que dava a mesma aula nas escolas particulares. Ele representa uma pequena parcela de educadores que reconhecem a importância da educação, que não se calam diante da realidade, mas também não deixam que isso interfira em sua missão como professores/as, porque sabem a importância de termos um povo que enxerga suas próprias feridas e aprende a analisar de onde elas vieram.

O Brasil tira dez colando a política (econômica) dos grandes, mas tira zero na hora de olhar pra si, sobretudo aos seus pequenos. Por isso vivemos ontem mais um infeliz, infelizmente, dia dos professores.
_______________
Esse artigo é dedicado a Carol e a Alice, anjinhos que tem saco de ouvir meus devaneios e minhas pirações - não por muito tempo é claro, mas ninguém é de ferro.

Um comentário:

[Ananda] disse...

é infelizmente ocorre isso.
Que raiva eu tenho disso,é bom ter educadores,tive uns professores assim,q nunca desistiam de dar aula,atualmente,meu professor de história q é o senhor mas fodásticoq conheci é assim.Sabee,o políticos cometem um sério pecado nisso,não dando valor a educação,criando seus filhos semi-analfabetos...ai,ai..isso é uma das partes do Brasil.