No meio de uma ponte encontraram-se dois velhos amigos que não se conheciam. Um era conhecido por Ano Velho, embora tivesse ressalvas quanto a essa graça. O outro era conhecido como Ano Novo, nome pelo qual sentia generosa dose de satisfação. No ato do encontro muito barulho se fez, e enquanto a luz das expectativas parecia pipocar no céu, a ponte deixou de ser intercessão e virou a alameda das lembranças comuns.
O entusiasmado ano novo parecia indiferente quanto ao visível cansaço do ano velho.
- Eu vou ser o que você não foi. Afirmou com o semblante radiante de soberba o Ano Novo.
- Eu também disse isso, meu filho. Respondeu o Ano Velho após a típica ofegada delatora de enfermos.
- O que são essas manchas em você? Perguntou o Ano Novo, que pela primeira vez notara de verdade a velhice do ano velho, estado que para ele não deveria estar tão avançado assim.
- São as manchas da derrota recorrente, das sementes que não germinaram. Árvores que deveriam escrever flores de Copenhague e só gritaram frutos de egoísmo mórbido, gente que deveria ao menos brincar de vida mas só quiseram levar a sério a morte, verdades de paletó sem talento até para ser mentira, chances travestidas em verdadeiras miragens, e uma distância ainda mais enorme e cruel entre os perfumados e suados. Respondeu o Ano Velho.
- Mas você não está só mancha, há muito de vistoso e virtuoso em você. Comentou Ano Novo, enquanto escandalosamente notava pequenas manchas em seu pulso esquerdo.
- Essas manchas são hereditárias. Você herdou da incompetência de seus antepassados, e está propenso a repassá-las se não parar de ser o mais como propriedade exclusiva do mesmo.
O Ano Novo continuou então seu caminho. Num dado momento notou como é quase impossível ser o que jamais foram os anos anteriores, mas continuar não era algo negociável, ele tinha de avançar no tempo e não sabia (nem conseguiria) fazer diferente algo diferente disto. Continuou então observando atentamente nos quadros, nas páginas e nas partituras as novidades absolutas.
- Por que já no início do caminho um dos jardins da esperança foi inundado? Será algo de podre no Reino da Dinamarca? Será? Questionou-se o vigoroso Ano Novo enquanto continuava seu caminho, no trecho ladrilhado por blocos de otimismo.
O entusiasmado ano novo parecia indiferente quanto ao visível cansaço do ano velho.
- Eu vou ser o que você não foi. Afirmou com o semblante radiante de soberba o Ano Novo.
- Eu também disse isso, meu filho. Respondeu o Ano Velho após a típica ofegada delatora de enfermos.
- O que são essas manchas em você? Perguntou o Ano Novo, que pela primeira vez notara de verdade a velhice do ano velho, estado que para ele não deveria estar tão avançado assim.
- São as manchas da derrota recorrente, das sementes que não germinaram. Árvores que deveriam escrever flores de Copenhague e só gritaram frutos de egoísmo mórbido, gente que deveria ao menos brincar de vida mas só quiseram levar a sério a morte, verdades de paletó sem talento até para ser mentira, chances travestidas em verdadeiras miragens, e uma distância ainda mais enorme e cruel entre os perfumados e suados. Respondeu o Ano Velho.
- Mas você não está só mancha, há muito de vistoso e virtuoso em você. Comentou Ano Novo, enquanto escandalosamente notava pequenas manchas em seu pulso esquerdo.
- Essas manchas são hereditárias. Você herdou da incompetência de seus antepassados, e está propenso a repassá-las se não parar de ser o mais como propriedade exclusiva do mesmo.
O Ano Novo continuou então seu caminho. Num dado momento notou como é quase impossível ser o que jamais foram os anos anteriores, mas continuar não era algo negociável, ele tinha de avançar no tempo e não sabia (nem conseguiria) fazer diferente algo diferente disto. Continuou então observando atentamente nos quadros, nas páginas e nas partituras as novidades absolutas.
- Por que já no início do caminho um dos jardins da esperança foi inundado? Será algo de podre no Reino da Dinamarca? Será? Questionou-se o vigoroso Ano Novo enquanto continuava seu caminho, no trecho ladrilhado por blocos de otimismo.
7 comentários:
Já já o ano novo será o ano velho, e junto disso levará as marcas, as vitórias e as derrotas.
Vale a pena tentar fazer o ano novo ser inesquecível!
Beijo
Mas o ano velho também deixa boas lembranças. ;)
Beijos, um belo dia pra ti!
Engraçado este post...
Não sei se todos repararam... mas uma coisa é fato...
Não como como fazer com que o ano novo chegue sem que ele saiba/conheça o ano velho...
Nós somos assim, da mesma forma que recebemos o ano novo cheio de otimismo, não podemos simplesmente esquecer do ano velho..
Ele permanece dentro de nós.. fazendo-nos lembrar de que coisas ruins também podem acontecer e que já estamos preparados para isto, uma vez que já passamos por isto...
Um beijo meu querido!
E feliz ano novo....rs..
Tadinho...assim que perceber que o entusiamo das pessoas com o "ano novo" já some no primeiro dia útil, na primeira TPM, na primeira dor de barriga, no primeiro congestionamento, vai perder todo o tesão.
E quando se der conta de que ele, o entusiasmo, volta com uma ideia, um sorvete, um gol da Copa, um beijo na boca, aí sim, vai ficar ainda mais arrasado.
Com ou sem ele, é assim que as coisas seguem, né, moço?
* O que vamos ouvir hoje? =)
http://www.youtube.com/watch?v=46nfof-gdDs&feature=related
Beijos, dois.
ℓυηα
Assim é a vida. Caminhamos em frente sem deixar de olhar pra trás. O que passou é tão importante quanto o que está por vir.
Bom meio de semana pra vc!
Excelente escolha, adoro Marisa!
Depois dessa, vamos trocar para "Vilarejo"? Linda, linda.
Beijos, guri.
Dois.
ℓυηα
Queria te fazer um convite, mas não tem teu e-mail no perfil...que pena! =\
ℓυηα
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