Ainda que o senso comum costume jogar tudo na mesma panela, é sempre um equívoco mantermos uma visão totalizadora das coisas. Em relação a política, isso é ainda mais complicado. Se fizermos uma enquete em qualquer lugar, com qualquer classe social, e em qualquer hora, perguntando se a política é uma bosta ou não, ou se no congresso só tem ladrão ou não, o resultado do sim em relação ao não com certeza será e longe maior. Mas não é verdade que todos os políticos são safados, ou que tudo que o congresso faz é palhaçada. Ontem, por exemplo, eu li uma notícia que me deixou muito feliz: Ninguém vai fazer nem uma cagada em relação à meia-entrada, ao contrário, vão fazer o que qualquer pessoa de bom senso faria pra resolver o problema das carteirinhas falsas: regulamentar a emissão das mesmas.
A emissão de carteiras, historicamente, sempre foi uma estratégia para municiar o movimento estudantil, além de garantir que pessoas em formação tivessem acesso a conteúdos que engrandecem a alma, a universos que não se encontram em mapas caretas e histórias que gostaríamos de viver bem longe daqui. No entanto, com a fragmentação da luta estudantil, ultimamente as entidades da classe se tornaram apenas meras fábricas de carteirinhas. A emissão de carteirinhas pra qualquer cachorro que fosse tornou-se um problema tanto pra classe artística quanto pra estudantes de fato. Como a coisa descambou, as casas de eventos passaram a subir os preços pra compensar a falta de pagamento de tarifas inteiras, e quem de fato merece pagar meia entrada acaba pagando o preço de um ainteira ou quase isso sempre
O Senado já havia aprovado a redução da cota de 50% para 40%, com apoio de artistas globais e tudo. Mas o problema não está com a carteirinha em si, e sim com a forma como são emitidas, sem controle algum. Graças a Deus que a Comissão de defesa dos direitos do consumidor da Câmara dos Deputados derrubou o referido projeto de lei proposto pela Senadora Marisa Serrano (PSDB). O parecer do Dep. Chico Lopes (PC do B) foi aprovado na última quarta-feira (4) sem a redução da cota e garantindo o direito a pessoas maiores de 60 anos e estudantes com carteirinhas de meia-entrada a pagarem 50% da tarifa.
As carteirinhas, conforme propõe o texto do Deputado, por direito poderão ser emitidas apenas pela Associação de Pós-graduandos, UNE (União Nacional de Estudantes), UBES (União Brasileira de Estudantes Secundaristas), além de Diretórios Acadêmicos e Uniões Estaduais de Estudantes. Até aí nem uma mudança, a mudança se dará no fato de que a partir de então a carteira será padronizada nacionalmente e será confeccionada pela Casa da Moeda, permitindo assim um controle maior na emissão.
No fim das contas, fico feliz por saber que há deputados comprometidos com algo justo, pois é um absurdo que estudantes e idosos sejam prejudicados única e exclusivamente por algo que não cometemos. O projeto de lei da Senadora Marisa está comprometido com a classe dos grandes empresários que pouco se importam com a cultura de fato, e sim com a maximização dos seus lucros. Se aprovado na íntegra em votação na Câmara, o texto do Dep. Chico naturalmente fará com que o número de carteiras de araque diminuam exponencialmente, assim, consequentemente o preço das entradas normalizarão. Penso que mesmo imersos no caos ético/humanístico da sociedade atual, as vezes é possível perceber um aroma de esperança em meio a tanta podridão. Ainda bem.
3 comentários:
Boa notícia! Esse aroma de esperança é pelo menos uma luz no fim do túnel! Beijos...
Boa notícia mesmo. Tava na hora de mudar isso!
Bom fds!
Olá, Eraldo. Vim visitar a sua casa após a sua visita a minha. Gostei das suas posições definidas e do seu humor universitário. Risos.
Abraço.
Isolda.
Postar um comentário