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sábado, 5 de setembro de 2009

Infância...


Não sei se é por eu ter vivido uma adolescência muito obscura, mas o fato é que eu venero a minha infância, mais precisamente a faixa etária do Menino Maluquinho, entre 7 e 11 anos, quando eu brincava na rua quase todos os dias, quando eu vibrava a cada selilho que eu dava nas meninas, quando eu jogava bola de dia de tarde e de noite, quando lama e piscina tinham o mesmo papel: diversão.

Há um poema do Casimiro de Abreu *em que ele comenta sobre sua saudade da maravilha que era ter oito anos de idade, de como tudo parecia mais vivo, e toda vez que eu leio esse poema me vem um misto de prazer e tristeza. Lembrar da infância me deixa triste ao perceber que eu não sou mais tão livre como naquela época, como já não experimento o novo com a mesma voracidade, mas ao mesmo tempo ao relembrar daqueles dias felizes eu me sinto feliz no presente também, é como se eu me transportasse de novo, e sentisse o perfume da manhã com a mesma fome de outrora.

É claro que é impossível voltar no tempo. A montanha da vida tende sempre a nos levar pra cima ou provoca uma queda mortal, mas é inevitável experimentar o sabor do tempo passado como um ar meio de arcaico. A impressão que tenho é que quanto mais eu tenho saudades do passado eu fico mais velho. Hora isso me chateia, hora não.


O criador do Menino Maluquinho, o cartunista Ziraldo, conta que a idade do Maluquinho é essa, entre 7 e 11 anos, porque é a fase mais feliz da pessoa. É quando não temos mais uma inocência demasiada, ou seja, quando já fazemos uma leitura de mundo interessante, mas ao mesmo tempo não temos os vícios e os conflitos da adolescência. A partir do que ele diz, eu sou o arquétipo do Menino Maluquinho, pois a minha adolescência foi muito difícil, obscura e insalubre. A impressão que eu tenho é que há uma lacuna em minha vida; parece que eu vivi até os 11 anos, quando começaram a aparecer as minhas primeiras espinhas, e voltei a viver com 21 anos.


Eu nem sei porque eu estou escrevendo isso, e nem quero. Os porquês dos adultos são muito mais irritantes que os Por ques das crianças. Viver de forma inconsequente no mundo adulto parece síndrome de Peter Pan, mas o mundo dos adultos é que parece a verdadeira Terra do Nunca. Não é que eu não goste de crescer, na verdade, o que eu não gosto é de envelhecer, no sentido fiosófico da palavra. A aurora da minha vida é realmente a infância, mas o sol continua nascendo todo dia, e me dizendo toda vez que queima a minha pele a mesma mensagem de amor que todos adoramos ouvir: sempre podemos fazer novo de novo**. Obrigado sol.
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* Meus 8 anos (Casimiro de Abreu)
**Parafraseando verso de Paulinho Moska

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