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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Juventude 2011: é o novo ou o de novo?

"É tudo novo de novo?" Amanhã, 15 de outubro, Belém viverá um dia histórico: o 15 O, dia alusivo ao 15 M, movimento que invadiu as praças da Espanha, especialmente a Puerta del Sol em Madri, e mais do que isso, tenta fazer chegar a Belém a maré que invade o mundo, com manifestações mundo afora, enfrentando impérios estabelecidos ao longo da história, seja os mais totalitários, como no caso dos países árabes, seja os mais veladamente tiranos, como no caso da falsa democracia do primeiro mundo ocidental em países como Grécia, Inglaterra e Estados Unidos, desmascarada pela crise que mina os sonhos da juventude, esta mesmo que até podia ser chamada de apática no século 21, até 2011, o ano em que, do ponto de vista de explosões de manifestações históricas pelo mundo, já é considerado 1968 ao cubo. Mas, volto a primeira questão: e depois?


"Se não nos deixam sonhar, não vos deixaremos dormir",
diziam cartazes do 15M

Não vamos muito longe, basta olhar para o Congresso brasileiro, para os principais nomes que conduzem a política brasileira para chegarmos á conclusão de que "aqueles garotos que iam mudar o mundo" na década de sessenta no Brasil frequentam agora, com a cara mais lavada, as festas do "Grand Monde", eu diria até que são o "Grand Monde". Fernando Henrique Cardoso, o intelectual de esquerda daquela década foi o presidente que consolidou o neoliberalismo; Dilma Russef, outrora torturada pela ditadura, implementa na Amazônia Belo Monte, projeto da ditadura que a torturou, de forma mais avassaladora e incisiva que nem os próprios militares ousaram; José Genoino, outrora guerrilheiro do Araguaia, tem hoje sua biografia manchada pelo mensalão; só para citar alguns.


"Esqueçam o que escrevi".
frase que FHC diz que não disse, mas não pode negar que o fez

Impressionante como o establishment mais parece um vírus indestrutível, com sua capacidade inequívoca de se adaptar a cada nova praga contra ele. Che, de revolucionário passa a ser ícone pop; sindicatos, outrora braço da revolução anarquista hoje é elemento da legitimação do Estado como ele é; a pauta ambiental que antes servia para denunciar o modelo de desenvolvimento predatório hoje não passa de uma política de sustentabilidade da Vale.

"Museu de grandes novidades": museu Reina Sofia (Madri) e gravuras originais do Maio de 68 francês
Não escrevo isso com o pessimismo de quem teme o amanhã, e sim com o otimismo de que não quer ver repetir-se esta parte do ontem. Que o mundo como está não deveria estar é óbvio, sobre isso as crianças que morrem desnutridas na Somália derrubam qualquer argumento contrário a isso. Mas espero que possamos beber das experiências dos revolucionários de ontem e opressores de hoje para que a geração atual (na qual me incluo) diga e faça algo de novo e não de novo.
__________________
Hoje também, com muita alegria e honra, estou no quadro Nossas Marés, do blog Entre Marés, da querida amiga blogueira Suzana Martins. Clique na imagem para navegar até lá.

9 comentários:

Átila Goyaz disse...

vc tá muito chique e cheio de razão. Não posso comentar mais nada, se comentar, estraga.
Kisses

dade amorim disse...

Super legal esse post, Eraldo. Seu blog é muito muito bom.
Abração.

Luna Sanchez disse...

Eu já disse que adoro as tuas convicções e o teu olhar crítico?

Sim, já disse.

Beijos, seu lindo.

Batom e poesias disse...

♫♪♫ "Ideologia...
Eu quero uma pra viver."

bjs
Rossana

byTONHO disse...



"Mãos a OBRA...
juventude transitória!"

♫ Ideologia...
EU quero uma pra...♪
(2)

:o)

Fátima disse...

Oi Eraldo,

Teu raciocínio e de uma lucidez e clareza de fatos...que só posso concordar e mais nada.

Adorei menino!!
E parabéns pelo texto teu em outro blog, orgulhosa de você!!

Beijo meu

Lara Mello disse...

Admirável o texto, sempre aprendendo mais por aqui, sorte :)

Eraldo Paulino disse...

Átila, você é um doce. Mas que bom que comentou rsrs

dade, obrigado pela visita =)

Luna, você é uma querida, indubitavelmente. Bjs!

Rossana, todos tem ideologia, até se essa ideologia for não ter ideologia. A sua, você pode não perceber, mas é linda! Bjs!

Tonho: Juventude é transitória mesmo. Ainda bem. Acho que, como diz Arnaldo Antunes, não há nada mais demodê que ser eternamente adolescente. Abraço!

Fátima, obrigado pela delicadeza.

Lara Mello, fico feliz em contribuir um pouco pra alguma coisa. bjs!

Marcio Nicolau disse...

"Apesar de termos feito tudo o que fizemos ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais"

Nosso ídolos não são mais os mesmos ou as aparências é que não enganam mais?

Depois deles não apareceu mais ninguém?

Eu amo o passado, mas o novo sempre vem, Eraldo!

Brilhante o texto.