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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A Igreja como ela é - Seminário

Baseado na obra de Nelson Rodrigues, conto aqui histórias que deveriam ser mentirosas, mas não são.

Seminário

Pela primeira vez em dias, os seminaristas tem oportunidade de ficarem a sós. Longe do reitor, que saiu mas não demora, o líder deles convoca a todos para uma reunião de emergência. Em menos de cinco minutos todos estavam lá. Alguns contrariados porque preferiam estar usando o telefone do seminário para ligar pra namorada, outros que gostariam de ficar olhando mulher pelada na internet, mas, sem exceção, todos os dez moradores atuais da casa compareceram. Sabendo que não tinham muito tempo, assim que o último seminarista chega à sala de reuniões, a reunião começa.

- Antes de começarmos, gostaria de dizer que este assunto não deve sair daqui. Eu estou monitorando quando padre chega por esse monitor do circuito interno de segurança e[fala logo o que tu qué, rapá!]...

- Tá. O negócio é o seguinte: eu fiquei responsável pela limpeza do quarto do reitor ontem, como vocês sabem. E eu encontrei uma camisinha usada no lixeiro. Depois disso eu pensei e pensei, e cheguei a conclusão de que não há uma outra possibilidade que não à do padre tá pegado alguém daqui lá, porque ontem ninguém além de nós entrou aqui.

- Sim... tu não acha que o padre pode ter usado a camisinha pra bater punheta? Não lembra que todos nós entramos aqui só depois de ele perguntar "qual seria o nosso refúgio?"... esse padre só pode ser um punheteiro.

- É.. eu pensei nessa possibilidade também, mas acho que o reitor não tem mais idade de fazer isso. Acho que ele comeu ou tá comendo alguém daqui.

- E por que tu acha que alguém aqui revelaria alguma coisa? Tu tá ficando doido?

- Bom, porque vocês sabem que eu sou meio espião, né? Quando eu quero saber de uma coisa, eu dificilmente não descubro. Por isso, como minha curiosidade transborda pelos poros e eu estou numa semana boa, eu quero dizer que aquele que se confessar comido pelo pau santo do padre, vai ter meu sigilo. Maaaas... se eu descobrir só, todas as madrinhas do seminário vão saber no mesmo dia.

- Tu é um fresco mesmo, seu filho da puta. Pensa que eu não sei que tu dava o cu pro p[vai te fuder, veado]adre.

- Ah, quer saber? Eu vou pro meu quarto estudar o que é.
- Té parece que eu não sei que tu vai ficar olhando mulher nua na net[Fresco].
- Bom, eu confesso que to morrendo de curiosidade pra saber quem teve coragem de dar pra esse padre feio que só a porra.

A discussão continuava. Todo mundo falava alguma coisa, ou pelo menos ria. Menos um rapaz, que tinha quase 19 anos e chegara há menos de dois meses ao seminário. Os seminaristas mais veteranos estavam tão acostumados a não ouvir a voz dele que nem repararam que ele era o único que não ria, não reclamava, e nem ao menos olhava nos olhos de ninguém. De repente, o seminarista que propôs a conversa também pára de falar e passa a fitar os olhos do novato. Lágrimas. Quando a primeira se esparrama no assoalho, a certeza enxuta brota imediatamente no lugar.

Um a um, todos os outros seminaristas foram parando de rir, ou xingar. Os lábios esticados, lentamente, vão dando lugar a uma expressão sisuda e espantada ao mesmo tempo. Não era preciso mais perguntar nada. Inclusive, tudo o que os seminaristas não sabiam era como lidar com aquilo. Quando as lágrimas descortinaram a vista do novato, e ele percebeu que todos perceberam, tudo o que estava preso nele (o que quer que fosse) passou a desabar como cachoeira em sua fronte. Ele era o maior em estatura ali, tinha um rosto grave e imponente, que, somado ao estilo sereno desencorajava até mesmo o mais atirado dos seminaristas a tirar brincadeira com ele. Naquele momento, todo o sentimento que eles nem imaginavam que ele pudesse sentir era escancarado entre o contorcer de ombros e o soluçar da boca.

Em silêncio, todos olham o carro do reitor estacionando no patio. Com o ar de "o que foi que fizemos?" cada um se desloca para os devidos lugares sem falar nada. O único a correr é o novato, que se tranca no quarto. O padre chega. No dia seguinte, o novato sai. Nas semanas seguintes, poucas piadas. "Finalmente esse povo tá se ajeitando", deve ter pensado o padre.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O Panteão Cristão


Por volta do século II, um homem chamado Marcião tentou pela primeira vez reunir os livros utilizados pelos primeiros cristãos em seus cultos (prática que nenhuma expressão religiosa do império romano além de judeus e cristãos tinham) numa única publicação canônica. Os cristãos déspotas que hoje usam a bíblia como escudo devem muito a esse cara, por ter tido essa idéia brilhante. Antes disso, todos os “livros sagrados” que conhecemos e outros que provavelmente jamais chegaremos a conhecer (como o apocalipse de Pedro, por exemplo) eram lidos de forma avulsa, dependendo da preferência de cada comunidade. Marcião entendia que o Deus de Jesus Cristo não poderia ser o mesmo Deus dos judeus. Ele não conseguia entender como o Deus que mandava apedrejar mulheres adúlteras poderia ser o mesmo que entregava seu filho para expiar os pecados dos injustos, por isso, dos livros que reuniu, nenhum pertencia aos livros da lei judaica.

Não gostaria de entrar nos méritos dos escritos em si por enquanto, gostaria de dividir com vocês uma inquietação. Ora, alguém poderia me responder quem criou o que primeiro? Deus criou a humanidade ou a humanidade criou Deus? Alguns poderiam me dizer que Deus, no alto de sua maravilha, se revela à humanidade limitada pouco a pouco, então jamais teremos a capacidade de compreender Deus integralmente (Agora vemos em parte, mas então veremos face a face - 1 Cor 13, 12), mas nem esse argumento me convence, porque o que questiono aqui não é a diversidade de cultos cristãos, não é as diferentes interpretações dos livros sagrados, o que questiono, é como um mesmo Deus pode ser tantos.

Quando Lutero denunciou os abusos da Igreja Católica, ação seminal (e sem querer?) da reforma protestante, tenho quase certeza que ele não esperava tantos "protestos" assim, ao ponto de hoje haver quase mais igrejas cristãs do que pecadores. Claro que aí já estamos falando da comercialização da fé, mas, o problema é que hoje podemos visualizar vários deuses diferentes dos "mesmos" cristãos. E qual é o Deus verdadeiro? Aquele que diz que somos meros pedaços de bosta, que Ele é tudo e que para irmos pro céu basta fazer coisas como não chamar palavrão, não gozar antes de casar e viver numa redoma de vidro isolados do “mundo”? Aquele que só está de verdade na "minha" igreja e no máximo visita a dos outros? Aquele que nos mima com bens materiais e prosperidade em troca de gordos dízimos? Ou aquele que faz opção preferencial pelos pobres? E NÃO VENHAM ME DIZER QUE PARA CONHECER DEUS BASTA LER A BÍBIA, PORQUE TODOS ESSES DEUSES ESTÃO “MOSTRADOS CLARAMENTE” NA BÍBLIA.

Só que eu, se fosse criar um Deus, criaria um que não perdesse o tempo se preocupando se eu trepei antes do casamento, se ponho as espadas ou as aranhas pra brigar (gay e lésbica, respectivamente), se eu decidi não ser infeliz num casamento eterno. Um Deus que não achasse que o próprio filho não tem capacidade de caminhar só, e que não apoiaria a institucionalização da fé da mesma forma como seria absurdo estabelecer leis para o amor. Um Deus que visse o meu valor pelo bem que faço aos outros e a mim mesmo mais do que pelo hino que eu canto. Um Deus que preferisse um maconheiro justo do que um limpo que só olha pro próprio umbigo.

E se eu descobrisse que Deus é um desses boçais que perdoa pedófilos e excomunga quem salvou a vida de uma criança estuprada, que exige que eu cante somente músicas de pecadores da minha igreja, que apóia líderes filhos da puta que se aproveitam da fé dos outros pra ganharem votos, que se preocupam mais com o cu e a buceta dos homossexuais do que com a própria imundisse da sua igreja, e/ou que me mandasse parar de falar palavrão porque é feinho, eu certamente o mandaria tomar no seu divino cu e pediria pra me mandar logo ao inferno, que lá, simplesmente por não ser da parte desse Deus, deveria ter muito mais amor, inteligência, generosidade e ternura do que "esse" céu.

É aí que concordo com Paulo apóstolo: De que adianta ter tanto Deus no coração se não amo? Prefiro os que amam, que defendem os mais necessitados e que vivem a sua própria vida sem pisar na dos outros, ainda que sejam ateus. O amor, para Paulo, está acima da fé e da esperança, ou seja, o culto e a Bíblia são ferramentas para nos animar a amar. A igreja é dispensável, o amor não. E só há tantos deuses assim, porque existe muita gente que quer se aproveitar de gente. E o Brasil, mesmo tendo tantos deuses... é o Brasil. Pronto, falei.

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Imagem: extraída do Google, da obra de Portinari.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O Canalha - Caça 3



CHÁ DE BEBÊ NÃO É PRA CANALHAS.

O canalha chegou com sua namorada. No ambiente a espera deles, nada de interessante haveria de ter. Por muito pouco ele não ficou em casa vendo algum filme. Seria bem melhor do que ir a um chá de Bebê de uma fulana que ele mal conhecia. Se a namorada dele não fosse tão boa de cama e se o tesão imenso que sentia por ela no atual momento do relacionamento deles não o fizessem quase ser fiel, ele jamais teria ido.

Eles entram.

Na visão dele: Sorrisos e gestos pré-moldados a cumprimentá-los; menos comida aparentemente gostosa na mesa do que ele previa; a irmã mais nova da grávida ao lado dela, mais gostosa ao vivo do que pelo orkut;

Na visão da namorada: Amigos e amigas de longa data comemorando a chegada de mais um membro do clã; uma decoração que ela certamente não quererá no chá de bebê do filho dela; a amiga dela engordou muito mais do que declara.

Na visão da irmã da grávida: O namorado da amiga da irmã tem um olhar cínico; será?;

Enquanto a brincadeira (sem graça) rolava, o Canalha notou que a irmã da grávida estava próxima a comida, e que naquela festa ao menos não se tinha protocolo para comer. Então ele foi lá, atrás de comida. Enquanto ela pegava macarronada, ele se aproximou por trás e quase sussurrou ao ouvido dela:

- Será que eu vou gostar de comer isso?

- Por que não provas pra descobrir? Respondeu ela com o mesmo tom de voz e sem olhar pra trás foi comer mais adiante.

Quando ele terminou de pegar a macarronada, virou-se. No caminho, encontrou com a moça de frente, sentada perto do banheiro e fitando-o. Ela chupava o macarrão de uma forma bem convidativa. Naquele momento ele desconfiou da própria capacidade de abater uma caça tão rapidamente, e desviou o olhar meio sem graça. Mas como não custava nada, ele olhou pra trás e a viu, com aqueles típicos olhares femininos que nos (des) armam, levantar e entrar num lugar que parecia o quarto da empregada, que ficava bem ao lado do banheiro. Os passos dela foram os mais sensuais e lentos que ele já viu alguém dar na vida.

Enquanto voltava para a sala...

Ele reparou: que a mina entrou no quarto, não acendeu a luz e não fechou totalmente a porta; que ainda haviam muitos presentes para serem descobertos na brincadeira chata do chá; que a namorada participava muito concentrada e entusiasmada.

A namorada reparou: o namorado voltava da cozinha com um semblante estranho; que a irmã da namorada tinha ido mesmo se deitar como havia anunciado para a irmã - a namorada do Canalha sabia disso porque perguntou por que ela saiu com uma cara de desânimo. "Sono", respondeu a amiga grávida.

- Onde é que fica o banheiro? Perguntou o Canalha mesmo já tendo visto que ficava bem próximo do quarto da empregada na cozinha.

- Fica por ali. Apontava a grávida, quase não conseguindo falar, tamanha a euforia em que se encontrava.

- Eu vou lá, amor. Apontou com os lábios para a namorada e foi. A namorada nem chegou a consentir, tamanha a atenção que dava à brincadeira correndo solta.

No caminho, ele pensava que de todas as loucuras que já fez na vida, essa era a mais imbecil. Afinal, se desse errado, ele poderia sair daquele lugar morto, ou pior, capado. Mas o instinto dele quase o ensurdecia para qualquer aviso da consciência que o afastassem daquele quarto.

Ele entrou no quarto da empregada, e notou em meio a escuridão que a irmã da grávida estava deitada, de peito pra cima. Ele notou que a chave estava pelo lado de dentro da porta, mas o coração dele começou a arder tanto de entusiasmo que a adrenalina não permitiu que ele fizesse outra coisa que não fosse deitar imediatamente em cima dela.

Estava escuro, mas ele conseguiu encontrar os lábios. "Será que é hoje que eu morro por causa de mulher?" pensou ele durante os poucos segundos que separaram o momento em que ele quase exitou da hora em que ele notou que ela não só abria a boca para receber seu beijo como também abria um pouco as pernas. Ele a beijou. A tocou e tocou e tocou. E, percebendo que definitivamente não era o único maluco ali, correu com a máxima agonia e sutileza que um homem de pau duro pode ter para trancar uma porta. Porta trancada, ele partiu pra cima dela que já estava sem calcinha e a penetrou.

Ele não saberia dizer se aquele beijo ou aquela penetração foram as melhore de sua vida, mas certamente foram as mais perigosas. Eles sabiam que não podiam demorar, então ninguém se segurou - alías, seguraram o máximo que puderam as respirações ofegantes e os gemidos. Em menos de cinco minutos todos ali já haviam gozado.

Ele se vestiu. Abriu a porta lentamente após ter certeza que não havia ruído algum na cozinha. Chegou na sala.

Na visão dele: Pela forma como estão me olhando, eu prefiro que todos achem que eu estava trepando com a irmã da grávida;

Na visão da namorada: Será que esse menino passou mal?

Na visão da grávida: Que minha irmã não tenha nada haver com isso; que minha irmã não tenha nada haver com isso; que minha irmã não tenha nada haver com isso...

- Por que você tá tão suado amor? Sussurrou ela ao ouvido dele discretamente.

- Porque a cagada foi muito boa, amor. Respondeu.
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Agradeço aqui, muito honrado, pelo selo que ganhei de Raquel Carvalho do bog Contando Pensamentos.



segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Um dia de fúria de um repórter...


  • Marcelo D2, se todo mundo sabe que você continua fumando maconha, por que ninguém te prende mais?

  • Xuxa, você deixaria a Sasha assistir o Show da Xuxa? E teus filmes antes de ser apresentadora?

  • Dunga, você dá um beijo em nossa boca? Afinal, você já nos fodeu mesmo...

  • Papa, quantas punhetas um padre precisa bater até chegar ao pontificado? Se não é com o pênis que se consagra nada, porque a mulher não pode ser sacerdote?

  • Bispo Macedo, se aparecessem os herdeiros de Cristo, você repartiria toda a fortuna que ganhou manchando o nome do cara e enganando otários(as) oportunistas? Você acha que charlatanismo é universal?

  • Parlamentares do Brasil, vocês se candidatariam se a função que exercem funcionasse em regime de voluntariado? Vocês deixariam a gente votar o salário de vocês ao menos? E uma última pergunta: vocês darão um dia direito à aposentadoria para as mães de vocês que trabalham na zona?

  • Obama, você demora quanto tempo pra pegar no sono a noite, sabendo que a política econômica por você liderada, diariamente, mata milhares de pessoas de fome, entre elas, principalmente crianças e pessoas idosas?

  • Jader Barbalho, você trocaria pelo meu voto a prestação de todas as tuas contas dos últimos trinta anos?

  • Hillary Clinton, se você perdoou teu marido que tragava mas não fumava, dava o pau pra estagiárias chuparem mas não fodia, então por que tanto rancor com o Irã que enriquece urânio mas não quer fazer bomba atômica?

  • Ronaldo Fenômeno, se até o Faustão emagreceu, por que tu não consegues? Por que você não contrata um personal trainer travesti pra te ajudar?

  • Geisy Arruda, sinceramente: você pagou quanto pra te xingarem na faculdade?

  • Gugu Liberato, já pensou se idiotice doesse?