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sexta-feira, 8 de julho de 2011

Ladrão de supermercado - Parte 1 de 2

Ele entrou no supermercado com uma roupa aparentemente normal. Blusa de algodão, calça jeans, tênis. O problema é que era tudo gasto, desbotado, um tanto sujo. Assim que entrou o guarda começou a falar ao rádio, pedindo aos colegas da segurança que ficassem de olho. Ele aparentemente não percebeu e continuou a andar pela loja com um carrinho quase vazio, com apenas duas ou três garrafas de vinho barato. Chegando mais a frente, ele avistou uma embalagem de m&m. Parou perto, disfarçou, andou para um lado, para o outro e acabou pegando a embalagem e colocando no bolso. O fiscal do sistema de câmeras de segurança gravou tudo. O rapaz ainda andou pelo super-mercado por mais uns cinco minutos, abandonou o carrinho e foi saindo quando os seguranças o abordaram. Pediram para acompanhá-los. Ele, com a cara fingida de quem não estava entendendo nada acompanhou os seguranças que tinham o dobro do tamanho dele cada um.

Chegando a sala da gerência, o guarda o encostou de frente pra parede, revistou os bolsos e retirou o pacote de m&m. "Aonde você ia com isso?", pergunta o guarda. Ele não responde, e apesar de estar de costas, o guarda tem a sensação de que ele está rindo. "Seu vagabundo, filho da puta. Tu vai se queimar com chocolate?", debocha o guarda enquanto o força a sentar numa cadeira. Quando ele levanta a vista, se percebe rodeado por três guardas do tipo armário e um engravatado. Essa era a estratégia adotada pela loja pra coibir os pequenos furtos que quase sumiram depois que aquele engravatado (gerente) chegara ali 10 anos atrás.

Conforme o treinamento, o gerente começaria a tortura psicológica com ameaças, berros e humilhações. Em seguida, o gerente jogaria a nota com o valor do(s) produtos(s) na cara do infeliz e ordenaria que ele pagasse aquilo até o dia seguinte. Do contrário, a polícia o acharia onde fosse e só Deus sabe o que viria depois. O meliante então, com medo, contava o endereço correto e no outro dia ia pagar. Essa estratégia jamais falhou durante 10 anos, e afastava os ladrões sem gerar repercussões que pudessem fazer os granfinos que iam a loja se sentirem inseguros. para a loja, espetacularizar os crimes era sinal de prejuízo.

O gerente começou. Berrou ao ouvido dele que lugar de vagabundo era na cadeia. Em seguida, os seguranças, muito bem treinados, continuavam gritando e cuspindo toda sorte de ofensas e ameaças. Mas, inexplicavelmente, a reação do vagabundo ali era de calma. Nem semblante de ódio, nem de desespero. Nada. A face dele estava serena, como se ele fosse o patrão ali. Em meio aos gritos, ele tirou a carteira do bolso. "Ah, agora tu vai pagar, é seu fodido?", berrou um dos guardas, meio sem graça com a situação inusitada. Mas ele não puxou dinheiro nenhum, e sim uma carteirinha. Os gritos silenciaram. Os guardas não haviam treinado para aquilo. O gerente recolheu a carteirinha e ficou que nem um menino quando é pego se masturbando no banheiro pela mãe quando percebeu do que se tratava. Olhou o rosto do ladrão. Olhou a foto de novo. A carteirinha poderia ser falsa, mas também poderia ser verdadeira. O gerente então, sentindo gosto de merda na boca, mostrou a carteirinha aos seguranças, apontando para três letras em especial: O A B.

Conclui na próxima postagem...

13 comentários:

Rossana disse...

Já imaginei vários desfechos para esta história...
Bj :D

Antônio LaCarne disse...

com certeza surgem vários desfechos nessa história. adoro as suas criações, eraldo. seus textos são ótimos de se ler.

abração.

vanessa cony disse...

Gosto de textos assim...Tão reais que tenho a sensação de que estou lá,no meio da tua história.
Beijo no coração.

Batom e poesias disse...

Vim agradecer o carinho, lindinho.
Aguardando a parte 2.

bjs
Rossana

* Dé * disse...

Passei por aqui e antes de ler adorei especialmente duas coisas: o Che Guevara e o logo da PJ!!
Hj em dia a vida me levou meio pra longe, mas fui PJoteira por longos anos, e creio que ainda sou, pq certas coisas não se arranca no coração.
E ainda ontem estive na Feira de Economia Solidária e advinha qual a primeira coisa q comprei? Um chaveiro do Che, com a foto dele e atrás escrito "um otro mundo es possible"
Abração!

Luna Sanchez disse...

Tá mas...Aaaaaaaaahhhhh...quando continuuuuuuuuaaaaaa???

Beijos.

Valéria lima disse...

Tanto escarcéu por um pacotinho de m&m. Será que essa carteirinha da OAB mudará a atitude dos gorilas engravatados?

BeijooO*

Mirella de Oliveira disse...

Quero a parte 2, Eraldo!!
:D

Sil disse...

Vc é muito fofo!
Adorei seu comentário lá no blog..
Depois eu vejo como faço aquilo que me indicou tá..

Bjos

Diogo Didier disse...

O bom de ler esse tipo de narrativa é que nós leitores, de uma forma ou de outra, nos trnsportamos para a realidade que está sendo descrita...

Muito bom o texto!

bjoxxxxxxxxxxx no coração

2edoissao5 disse...

fiquei tão envaidecida com teu coment lá no post de aniversario do blog! rs


continua logo isso! rsrsr

Mirian Oliveira disse...

adooooooorei o texto...
qnd escreves assim consegue me prender de um jeito q ñ sei explicar....
rsrsr
fico anciosa pela continuação...
se será algo lógico ou algo totalmente surpreendente...
saudades...
te cuida
bjs

Eraldo Paulino disse...

Agradeço a todos os comentários. Vocês são gostosuras de pessoas!