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terça-feira, 30 de março de 2010

Galos, Noites e Quintais - Aventura 2

MAS EU CORRI!
Éramos um equipe muito livre e muito unida na periferia de Belém onde eu cresci. Faziam pare da turma, Cotó, Barriga, Nu, Saymon , Djavan (esses dois últimos não tinham apelido), K.O., Rauto, e eu, Agô (apelido que ganhei de minha irmã, e como sou chamado por muita gente até hoje, mas outra hora eu explico melhor isso). Fazíamos tudo juntos, e graças também a eles vivi a melhor fase de minha vida. Em outro momento contarei histórias envolvendo toda a galera, hoje gostaria de focar no K.O. por tê-lo revisto após tanto tempo.

K.O. era uma espécie de pivete em recuperação. Praticamente só se entrosou conosco porque uma menina nova havia chegado à nossa rua. Andreza. Veio morar perto de nós com seus dois irmãos, Daniel e Marcelo, que logo entraram pra turma. Andreza foi a primeira paixão de todos, incluindo eu. Daniel e Marcelo, assim, passaram a ser paparicados por nós (naturalmente, né?). Éramos liderados por K.O. O mais forte, o que nunca perdia na porrada pra ninguém, e o que mais tinha chance com a Andreza, segundo os especialistas (pessoas mais velhas que interagiam conosco).

Por influência de K.O. todos nós passamos a flertar com as pichações. Para mim e para os demais era só mais uma brincadeira que não podíamos contar pra nossas mães. Simplesmente passamos a brincar de ter uma gangue. Passei por duas situações que me fizeram perceber como não levava jeito pra coisa. A primeira foi quando quase levo uma enorme pedrada na testa pela nossa brincadeira de apedrejar outras gangues, e a outra foi quando, sob influência dele, fomos pichar um muro de verdade. Foram quatro de nós, eu mais dois e o K.O. Eu fui o último. Quando estava terminando meu "serviço", olhei para um lado e vi os demais em plena carreira, quando olhei pro outro avistei o dono da casa violada abria o portão, pertinho de mim, bastante afoito.

Eu corri. Corri. Não sei como um asmático como eu conseguiu. MAS EU CORRI! Pra nossa "sorte", as pessoas que viram aquele bando de fedelhos correndo não tiveram coragem de nos parar. E pra minha em particular, o cara que corria atrás de nós não estava com bom preparo físico. Escapei de morrer espancado. Escapei de gostar daquilo também. Ainda bem que não deu certo, porque assim eu percebi de uma vez por todas: aquilo não era pra mim, pois não tinha coragem suficiente.

Andreza e família foram embora após um pouco mais de dois anos conosco. K.O. Quando ela se foi, ele voltou a ser pivete de fato. As vezes penso que se tivesse namorado com ela seu destino poderia ser diferente. Ele era órfão, criado pelo avô e a alguns dos seus tios eram presidiários. Talvez conosco ele viveu o período mais pacífico de sua vida. Quando eu o reencontrei recentemente ele acabara de sair do presídio, não sei se foragido ou em condicional. Quando o vi não senti medo, mas uma generosa dose de tristeza, logo substituída pela alegria que sempre sinto quando lembro da turma, com a qual não tenho mais contato regular.
A vida e seus caminhos ensopados de sentimentos conflitantes...
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Para quem quiser ler a primeira_aventura_...

quarta-feira, 24 de março de 2010

A Igreja como ela é - O Pastor

Baseado na obra de Nelson Rodrigues, conto aqui histórias que deveriam ser mentirosas, mas não são.

O Pastor
Duas amigas no carro. Uma evangélica e outra que não acreditava em nada que não pudesse ver. O telefone desta última toca, a evangélica atende. Era o pastor, colega delas de classe.

- É o pastor.

- Não vou atender.

- Mas que coisa feia. Atende o pastor, pois se uma pessoa ocupada como está te ligando uma hora dessas, provavelmente deve ser uma coisa muito séria.

- Então faz o seguinte. Atende aí e põe no auto-falante. Mas fica calada.

A evangélica sem entender muito bem o que estaria acontecendo faz como a amiga pediu.

- Alô!

- Diga, pastor. O que deseja?

- É que eu estou com uma dor.

- Hum.

- É uma dor que está me incomodando muito e acho que você pode me ajudar.

- Ah, é? E onde é que dói?

- Na minha virilha. Aqui bem perto da minha cueca.

A evangélica arregala os olhos. E imediatamente a que ia dirigindo colocou o dedo indicador entre os lábios dela.

- Na virilha, é? Mas se a dor é perto da cueca eu posso acabar pegando em algo santo.

- Ah, mas se esse acidente acontecer eu posso relevar.

- E se eu gostar do que pegar na cueca e parar de fazer massagem na virilha e só ficar massageando o que há dentro da cueca?

- Acho que posso perdoar esse teu pecado também.

A evangélica dá um suspiro alto e agudo. Quase não acreditando que um dos principais pastores da sua igreja estivesse realmente falando aquilo. Ela olhou novamente o nome da pessoa que estava ligando. Ficou ouvindo bem atenta a voz. Era ele. Mas aquilo simplesmente não era possível. A amiga dela continuava.

- Olha, já que é pecado, então eu posso pecar direito?

- Eu aprendi que é pecado ainda maior não utilizar os dons que se tem.
- E esse pecado eu posso atender com minha boca molhada?

- Se você cometer esse pecado bem direitinho, acho que não tem problema nem um.

- E depois que eu pecar com minha boca, o que eu faço?

- Você deita e relaxa, que aí será a minha vez de pec[a evangélica desliga o telefone, quase que desesperadamente. Com o mesmo desespero começa a dar explicações].

- Pelo amor de Deus, agora não vá achando que todo pastor da igreja é ig[Foi você quem pediu pra eu atender]ual a...
- Eu jamais poderia imaginar que o past[Você não vive me dizendo que eu tenho que ir a Igreja? Acho que já sei em qual igreja vou me converter].

A evangélica engoliu a seco. Ficou calada até chegar ao seu destino. O telefone tocou mais algumas vezes. A que dirigia não quis mais atender. Só havia atendido porque assim como ela só acreditava em coisas que pudesse ver, gostava que as pessoas vissem o que realmente acreditavam.
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Para saber mais da Igreja como ela é, clique aqui

segunda-feira, 22 de março de 2010

Eleições 2010: ame seus predadores!


"Aqueles que não gostam de política

são dominados por aqueles que gostam"

(Frei Betto)

A ditadura da maioria impera em nosso sistema eleitoral. Chamado carinhosamene de democracia pelas elites de nosso país, o processo eleitoral até hoje não garantiu que o representante da maioria da população fizesse um governo de fato em favor dos oprimidos. Comemoram a "redemocratização" de nosso país, mas toda essa euforia é um lugar comum, pois a imbecilidade que impera no processo eleitoral brasileiro deixa muito claro que estamos muito longe de uma democracia de fato.

Há erca de cinco meses das eleições começamos a ver em toda parte pessoas e instituições repetindo o mesmo discurso: o voto é a maior arma do cidadão. Mas não é. De que adianta um cidadão ter direito ao voto se ele também não tem direito de conhecer tudo o que está por trás do processo? Quantas pessoas votam sem saber sequer quantas cadeiras de vereador o seu município disponibiliza? Quantas pessoas votaram nas últimas eleções na Helísa Helena (PSOL) e na mesma chapa votaram também em algum candidato a governador do PSDB e a senador do PT, por exemplo? Quantas pessoas votam pensando que as ideologias morreram com a queda do muro de Berlim? A maior arma do elitorado é o conhecimento do processo em vigor, arma da qual o povo brasileiro, especialmente os mais empobrecisos, são privados.

A campanha eleitoral continuará sendo idiota, voltada para pessoas "idiotizadas", para colocar no poder pessoas muito espertas. O sistema político brasileiro possui uma arquitetura maravilhosa de uma fortaleza projetada para impedir que o novo aconteça. Muda-se o verniz, mas as armas continuão voltadas contra nós, ainda que em governos como o atual, as migalhas que caiam "do céu" de forma mais generosa.

As eleições 2010 serão o auge de uma falsa polarização, na qual o mesmo projeto neoliberal será a enrabação o ponto em comum. Além disso, marcketeiros continuarão enriquecendo, militontos militantes continuarão esperando a teta pra mamar de boca aberta fazendo discurso de melhorias para o país ao eleitorado, etc., etc., etc... Apesar disso, não perdi as esperanças, juro!

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Fotos: Google.

terça-feira, 16 de março de 2010

um MEIO e não um FIM



É incrível a associação exagerada que as pessoas fazem entre casamento, família e dinheiro. Quando alguém fala em casamento, não pensam nem em terem casa, pensam em ter logo um apartamento de luxo antes de casar, um carro do ano. Para ter filhos então, parece um pecado mortal ter filhos sem que este não possa gozar necessariamente do luxo que os pais proporcionariam. As pessoas se preocupam muito mais com os custos da família do que com a própria família. Isso é um absurdo!

Não estou aqui fazendo qualquer apologia à pobreza, e também, como qualquer pessoa que não rasga dinheiro, entendo a importância do dinheiro como um MEIO para conseguirmos conquistar muitas coisas. Mas o dinheiro deve ser sempre um MEIO e não um FIM.

Um casal que se ama, supera junto qualquer adversidade. E se não superarem logo, terão um ao outro como suporte. Agora, se a vida do casal estiver baseada em valores efêmeros ou superficiais, como a riqueza e o luxo, obviamente o casamento estará alicerçado em areia com vigas de papel.

O mesmo vale para os filhos. Quem acostuma o filhos com luxo são os pais, e eu duvido que uma criança não prefira ter a atenção e o carinho dos pais modestos financeiramente a viverem uma vida de luxo sendo educados por babás e o Cartoon Network.
Não querem casar nem terem filhos, muito bem, mas não digam que a felicidade está a venda, porque ela não está. Ascender socialmente em família é muito mais saudável, inclusive para os filhos, que reconhecerão nos pais exemplos de superação. E uma criança que já calçou sapatos genéricos, valorizará muito mais os sapatos Nike que por ventura ganhará (isso se ela não chegar ao sublime ponto de nem ligar para marcas). E aos pais já agraciados com poder aquisitivo elevado, lembrem-se, as melhores coisas na vida familiar são grátis, como um abraço e um beijo. Não substituam essas coisas por mercadorias.

sábado, 13 de março de 2010

Mosaico de Eus em debate


Diante de situações conflitantes, os eus do meu mosaico existencial reúnem-se em uma espécie de confraria para debater o tema em questão. No caso, reuniram-se mais uma vez na noite de ontem após mais uma daqueles momentos que servem para peneirar as verdadeiras amizades e separá-las daqueles colegas que você jurava serem amigos de verdade, mas na hora de demonstrar isso, revelam uma face diferente. Diante da uma testemunha sempre fiel, o travesseiro, eis que começa o debate.

Eu mal humorado: - Eu gostaria de começar. Eu, que sempre fiz ótimas amizades com toas as pessoas com quem trabalhei em toda a minha vida, eu que nunca tive inimigos, nos últimos dois anos briguei mais e fiz mais inimizades do que em toda a minha vida. E a primeira vez também tenho tamanha decepção com pessoas a quem antes julgava amigas. Minha vontade agora é de abandonar tudo. Mandar todo mundo pra casa do caralho.

Eu auto-crítico: - Na verdade, antigamente eu não era assim tão reconhecido por um número relevante de pessoas. Acho que isso subiu a minha cabeça e agora estou colhendo os louros da mina arrogância.

Eu complacente: - Olha, se fosse esse o problema eu ficaria até mais tranquilo, mas o problema não é assim tão simples, creio. Existe muito mais coisas envolvidas nesse assunto. Quando eu erro, e esse erro é evidente, eu me sinto mal, mas pelo menos sei que eu, e apenas eu, tenho o poder para consertar as coisas, mas fui vítima de uma injustiça. Estou me sentindo isolado; eu que sempre procurei a solidão por opção, pela primeira vez em minha vida estou me sentindo aprisionado nela.

Eu sensato: - Eu já sei o que vou fazer. Vou me isolar de todos, porque não vejo mais motivo para continuar com pessoas que não me r[nesse momento o verdadeiro eu sensato liga]espeito...

Alguém liga o viva-voz e todos escutam a súplica do verdadeiro Eu sensato:

- Meus caros, eu nunca consigo chegar a tempo quando a situação está descontrolada. Por isso, peço encarecidamente que enquanto eu não conseguir chegar, vocês encerem o debate e não tomem qualquer decisão. E, principalmente, não ouçam esse Eu Sensato Fake que sempre tenta passar por mim nessas horas.

O Eu sensato foi aclamado presidente do Mosaico de Eus, e todos procuravam respeitá-lo na medida do possível. A sua proposta de não tomar nenhuma decisão foi aceita por todos, mas infelizmente o debate não pôde ser encerrado imediatamente. O travesseiro, testemunha fiel da maioria das confrarias do mosaico, nessa noite foi revirado de um canto ao outro. Sua função primeira de ajudar no sono não foi utilizada, e já que não podia dar concelhos, pelo menos ficou ao lado de todos até o fim, na alvorada.

A confraria seguiu então, com os eus do meu mosaico falando um a um, cada um mais preocupado que o outro, cada um mais machucado que o outro, até que o silêncio da noite se desfez, e o fim de semana sempre muito puxado tratou de interromper o debate, para o meu bem.

terça-feira, 9 de março de 2010

Semana (disque) da Mulher

Fazendo eco ao discurso do caríssimo Tom Zé, me declaro agora, não feminista, porque já sou do tempo em que feminismo é coisa do passado, e nem machista, porque sobre o macho já foi dito tudo pelo Village People; no entanto, me declaro um escravo das mulheres, com muito orgulho.

A mulher viveu milênios de segregação, e isso se deu até o ponto em que os músculos falavam mais alto do que a foça do pensamento, mas quando um tapa dada sem mão passou a doer muito mais, a mulher foi penetrando por trás dos homens, galgando seus espaços no seco. O homem geme, mas no fundo ele gosta desse terra, porque as mulheres inteligentes dão muito mais tesão aos homens. A maioria dos homens só pensa com a cabeça de baixo, por isso, mesmo as mulheres não muito inteligentes sabem exatamente como dominar a macharada.

Hoje em dia, mais do que nunca, as mulheres casam com os homens ricos e otários bem intencionados, mandam pra casa do caralho os maridos safados, ganham espaço na comunidade científica, religiosa e no mundo do trabalho, e, principalmente, exigem orgasmos múltiplos - antigamente, o homem praticamente ordenava que as mulheres abrissem as pernas, mas hoje em dia, ai daquele que goza antes da mulher.

Há quem diga que as mulheres estão se vingando, aproveitando-se exatamente das fraquezas dos homens que até bem pouco chamavam a mulher de sexo frágil. Há quem veja nisso um processo natural e/ou uma conquista política. Mas eu, tarado confesso, dispenso a metafísica e prefiro me declarar logo um escravo, e torcer para que mais e mais mulheres me usem como queiram.

O Arnaldo Antunes pensa como eu, pelo visto...



quarta-feira, 3 de março de 2010

Procuram-se respostas

Antes de começar a primeira postagem do mês de março, gostaria de expressar aqui minha felicidade em receber um selo da companheira de blosfera Tânia Meneghelli do blog De tudo fica um pouco. Pra mim foi uma honra. Valeu! Abaixo, segue mais uma paulinisse:
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Por que quando um gay quer xingar um heterrosexual ele o chama de veado?


Por que um cara que nasceu num estábulo e morreu pregado numa cruz serve tanto de motivação pra quem quer enrricar e viver uma vida sem problemas?


Se a Terra gira em torno do Sol, porque 365 dias por ano podemos observar o Cruzeiro do Sul?


Raciocinem comigo: Vento é ar em movimento. Na Lua não há ar, logo não há vento; então porque a bandeira de Nil Armstrong tremulou?


Se todo político é ladrão, por que o povo continua votando?


Por que os pais tem medo de que os filhos dos outros façam com suas filhas o que gostavam de fazer com as filhas alheias?


Por que os machos de plantão vivem dizendo que vão comer o cu dos outros, como se só fosse gay quem dá?


E se os filhos dos governantes dependessem do SUS?


Se quando o povo recebe o décimo terceiro salário a economia aquece, o mercado contrata e todo mundo sai ganhando, por que não aumentam o salário de uma vez?