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quinta-feira, 30 de julho de 2009

"Superficial como um espinho"

A gente vive criticando a TV por ela super valorizar a beleza, e provocar nas pessoas uma corrida para terem a beleza juvenil ideal tal qual é modelada nos programas televisivos. Em sala de aula esse debate é sempre muito comum, e o senso comum em ambientes como esse é condenar a prática das emissoras, mas uma condenação meio superficial, meio que esquecendo qual a origem disso tudo, que está dentro de cada um e cada uma.

Hoje eu tive um exemplo de como essas visões nada nobres estão em cada um de nós. No ônibus em que eu vinha subiu um vendedor de bombons. Era um vendedor, digamos, comum, com roupas simples, derramando suor merecidamente devido ao calor absurdo que faz em Belém nesses dias, e, ao tentar entregar o bombom aos passageiros antes de fazer o famoso comercial obteve a recusa da maioria dos passageiros. Aliás, percebo que a a maioria dos passageiros de coletivos urbanos não suporta mais o povo que entra pra vender e entrega o produto antes de falar o famoso "com licença senhores passageiros". Não reparei muito bem, mas acho que o cara pouco vendeu, mas, de busão em busão, o cara tira um dinheirinho com certeza.

Em seguida, subiu uma moça pra vender o mesmo produto. A menina não estava exatamente bem arrumada, mas era muito bela (Reparei logo com meu radar em fase de aprimoramento que se tratavade uma lésbica, mas acho que a maioria não percebeu). E sem pestanejar homens e mulheres dentro do bonde, acho que quase sem exessão, pegaram todos/as a amostra dada por ela antes do comercial, que por sinal foi bem pior do que o dito pelo vendedor que subiu antes. O resultado foi que quem tinha sequer uma moedinha comprou o bombom.

Nessa mesma linha de raciocínio, anos atrás, o fantástico fez um teste semelhante. Colocou um ator bem trajado, bem afeiçoado e com um discurso refinado para tentar conseguir assinaturas para um abaixo assinado em prol da preservação dos ratos (isso mesmo) que estariam em extinção. Ao mesmo tempo outro ator representando o arquétipo do desarrumado tentava conseguir assinaturas para uma causa verdadeiramente nobre. Mais uma vez o resultado atestou o quão somos hipnotizados pela beleza, pois o carinha que fez abaixo assinado em prol dos roedores conseguiu mais que o o quíntuplo de assinaturas.

A visão superficial das coisas continua sendo um grande mecanismo de sedução que é aproveitado por todo tipo de pessoas com intenções duvidosas, e a beleza não é só uma meta fundamental a ser atingida pela sociedade contemporânea, é também algo a ser cobiçado ao ponto de fazer cair em tentação muitos "bons" e "boas" que estão por aí.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Terrorismo legal

Hoje uma viatura da Polícia Militar parou repentinamente enfrente a minha casa. Um dos dois policiais que estavam no carro desceu encapusado, arrombou o portão ao lado e em seguida deu pra ouvir ele arrombando uma porta. As vítimas que escaparam certamente de morrer, pelo que tudo indica, estão envolvidos em um assassinato que ocorreu na noite de ontem, em que um adolescente de 16 anos teria pago com a vida por uma dívida contraída certamente para manter seu vício em drogas. Coincidentemente eu vi quando escaparam, certamente minutos após o o´micídio. Reparei que um deles, provavelmente o assassino, chamou o restante de seus comparsas para darem o fora e pegarem tudo o que fosse necessário. Fugiram mais ou menos uns seis jovens, entre rapazes e moças.
Ao lado de casa há um pequeno albergue em um grande terreno que é repartido por uma família com cerca de cinco casas. O albergue é uma fonte de renda utilizada por um membro dessa família que preferiu utilizar dessa forma o que lhe coube do espolio da matriarca. Dentro do quarto arrombado os policiais acharam uma balança, que serviria para pesar a droga, vários chips de celeular, certamente remanescentes de roubos que praticavam, além de compras que abasteceria a galera po cerca de um mês.
Minha mãe já havia alertado que os inquilinos recem-mudados eram barra-pesada, e, mesmo eu tendo cruzado com eles mais de uma vez, fora um sensação de desconforto eu nada mais sentia. Já quando os policiais chegaram hoje, confesso, eu senti medo. Até me escondi com o receio de ser confundido com uma das futuras vítimas.
O moradores do terreno ouviram dos policiais que, ao encontrarem os "pivetes", fatalmente matariam os infelizes. Nesse momento eu me perguntei quem era mais bandido, os pivetes que mataram um inocente, ou as autoridades que matava os "culpados". Porque até onde eu sei, a policia deveria agir dentro da lei, e se assim fosse, penso eu, a pessoas não teriam tanto medo da polícia. Porque é justamente por não acreditarmos que a polícia age dentro da lei que ninguém confia na polícia. A polícia é um bando de marginais treinados e com permissão e aparelho para matar.
O mais legal de tudo era que quando alguém sabia da notícia de que quando a polícia encontrasse os carinhas ela meteria fogo, todos e todas concordavam e ainda apoiavam. Alguns ainda comentavam que são contra a pena de morte (católicos/as e protestantes), mas que em casos como esse dão todo apoio à polícia.
Ai cheguei a conclusão que não é a polícia que é corrupta, falsa, cínica, hipócrita ou pouco confiável. Nós somos assim. Aí, quando dão poder pra alguns filhos da puta como nós, vemos o que acontece. Quando falo que somos nós, quero dizer que é a nossa sociedade que é assim, mas assim como José Saramago, eu acredito que há pessoas que enxergam em meio a tanta cegueira, e que haverá um dia em que, quando todos estiverem enxergando, os que viam e conduziam poderão finalmente fechar os olhos.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Me vendo, logo, sou PT!

Vamos inventar uma máquina do tempo pelo amor de Deus! Precisamos com a máxima urgência arrumarmos um meio para voltar ao passado e levar algum militante do PT de hoje para falar com ele próprio há quinze anos atrás. Eu pagaria toda a fortuna que eu não tenho (e nem quero) para botar frente a frente um militante de hoje para explicar ao militante de ontem qual a razão ética e lúcida para o Presidente Lula defender com unhas (19) e dentes o Presidente do Senado, Sr. José Sarney.

Acho que no passado esse cidadão era chamado de safado, rato da ditadura, coronelista, etc., mas hoje não, hoje ele é um ser estratégico para a campanha do ano que vem, ainda que a próxima candidatura não tenha sequer possibilidade de defender os trabalhadores em detrimento dos patrões, conforme era o discurso do militante PTista de outrora.

Já posso ver os militantes frente a frente e o ar de constrangimento no ar. O militante de antes, que trabalhava voluntariamente, que ia às ruas, que se orgulhava dos quadros de seu partido, ter que olhar seu reflexo no futuro e ver o quão vendido ele o é, o quão barato vendeu todos os seus sonhos em nome de um cargo em qualquer repartição pública para ganhar um valor pouco maior do que conseguiria sem mamar nas tetas do sistema. Confesso que mesmo a minhamente fértil não consegue imaginar um completo diálogo entre as partes, mas além da aura de constrangimento eu consigo também posso imaginar uma rápido papo entre eles.

- Qual é mesmo o slogan que agente usava antes? Perguntaria o militante vendido.
- Penso, logo, sou PT! é o slogan que mais me trás orgulho. Responderia o militante que está a venda, mas ainda não sabe.

Eu posso imagina o ar de decepção nada aguda do militonto de hoje. Inclusive, se um dia inventarem a tal máquina do tempo, e se eu estiver lá na derradeira conversa com o carinha que voltará ao passado, eu recomendarei logo com a máxima prioridade: Não se esqueça militinho, o slogan de hoje é Me vendo, logo, sou PT!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Espetacularização: a gripe dos porcos


Meus professores costumam dizer que se um cachorro morde uma pessoa, isso pode até ser novidade, mas não é notícia; mas se uma pessoa morde um cachorro, isso sim é notícia. Portanto, o inusitado faz parte desse universo midiático no qual se quer vender mais para pessoas sedentas do nada trivial, digamos assim. Quando aparece uma notícia bombástica como é o caso da gripe suína, imagino como os donos das grandes corporações devem babar de felicidade pela possibilidade de se espetacularizar mais uma novidade.


No início, a gripe começou a ser chamada de suína, obviamente pra se fazer aluzão à gripe aviária de anos atrás, que aterrorizou principalmente a Ázia. Uma fórmula perfeita para se vender notícia. Embora a carne do porco não ofereça riscos para a saúde, porque ninguém come carne de porco crua, a grande mídia não parou de propagar a notícia de forma análoga a gripe aviária. Semanas depois a indústria que vende os leitões reagiu e parte da mídia começou a inventar nomes alternativos pra agradar aos patrocinadores: gripe A, H1n1, Nova Gripe, etc.

O fato é que essa "nova gripe" não é mais perigosa que a gripe comum, mas os veículos de comunicação quase não noticiam isso, ou se o fazem, não dão a mesma ênfase dada ao avanço da doença, ou ao aumento do número de mortos, ainda que o número de mortos seja, comparado às infecções, muito inferior, denotando a baixa periculosidade da doença. Na Inglaterra, por exemplo, foram 100.000 infectados, e SÓ 30 mortos. Mortos esses, que, se fosse atingidos pela gripe comum, fatalmente morreriam também.

Apesar dos esforços do ministro da saúde para tranquilizar a população, ou de setores auternativos da mídia fazerem esforço pra amenizar o terrorismo feito pela grande imprensa em nome do lucro sujo, penso que somente uma "nova novidade" fará com que a nova gripe seja deixada mais de lado e encarada como uma doença tão perigosa quanto a mentira, o consumismo e o cinismo.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Vício

Eu tenho o péssimo hábito de não admitir minhas fragilidades, no sentido de procurar adequação às minhas deficiências óbvias, como por exemplo, a memória péssima para gravar nomes de pessoas. Isso é muito complicado no meio acadêmico, ou em debates mesmo, quando quero usar argumento por autoridade (citar nome de autores/ pensadores/pessoas relevantes para embasar minha tese). Em relação ao vício, por exemplo, eu lembro que há tempos no jornal "Cidadania" do IBASE, escrevia um colunista nipônico pelo qual eu tinha/tenho uma profunda admiração. Esse cidadão do qual não lembro o nome (e que há de me perdoar) escreveu o texto, que pra mim, melhor expõe os porquês do vício, sobretudo em entorpecentes, de forma mais profunda, mais sensível e convincente.

O japa dizia (dessa vez ele não me perdoará, certamente) que o vício é uma consequência da sociedade de consumo, e quanto mais aumenta a cultura de consumo, mais aparecem os efeitos colaterais, pois, em virtude do lucro cada vez maior, somos incentivados diariamente a consumir além do que de fato necessitamos.

Isso faz com que precisemos cada vez mais consumir coisas que nos deem o sentimento de grandeza artificialmente. Por exemplo, quando uma pessoa compra exageradamente mais roupas do que pode usar, ela na verdade está viciada em compras, pois, mesmo após o mais eficiente dos conselhos, dificilmente uma pessoa que compra compulsivamente em um shopping deixará tal prática sem um dado esforço; esforço que muitas vezes só em compensado com auxílio de um tratamento psicológico. O mesmo vale pra pessoas que comem mais do que podem, que se bombam, que jogam videogame de mais, que usam internet demais, e, consequentemente, as que usam drogas.

Existe obviamente um agravante aos usuários de drogas. As substâncias não só provocam dependência química, como também provocam a morte física com uma velocidade maior, mas, uma pessoa que tem um "vício psicológico" em internet, por exemplo, não é exatamente uma pessoa viva, pois dedica todo o tempo em que poderia estar vivendo uma vida extraordinária de verdade em aventuras virtuais para simular uma existência de grandeza.

Os vendedores de drogas sofrem um preconceito maior por serem, na sua maioria, pessoas de baixa renda, mas, o mal que os hanburgueres da McDonalds provam à saúde também são muito graves - resguardadas as devidas proporções - e não sofrem a mesma discriminação. Então, usa-se o discurso contra as drogas em campanhas, em encontros, nas igrejas, e na mídia de uma forma geral de forma propositalmente limitada, pois o consumismo é defendido como forma de crescimento de um país. E de fato, os EUA são o país mais rico e poderoso do mundo, mas é também o país que mais tem jovens que cometem acessos deliberados de loucura provocados por esses outros vícios, como por exemplo metralhar pessoas em cinemas e escolas, pois, o vazio existencial provocado por uma vida artificial paltada em consumo, os leva a querer experimentar uma grandeza real da forma como eles aprenderam com suas babás eletrônicas.

Portanto, quando formos debater os vícios em entorpecentes, proponho fazer um debate mais amplo, que leve em consideração toda uma prática que nos leva a uma vida de vícios que muitas vezes não percebemos. Convido também, a todos e a todas a revisar a sua vida, e meditar se, sem perceber, não está viciado/a em alguma coisa que está fazendo mal a sua vida real e você nem percebe.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Pipas




Há uns sete anos atrás, mais ou menos, era muito comum ver o céu colorido de pipas e rabiolas nessa época do ano, mas a cada dia que passa parece que essa prática vem diminuindo. Parece que ultimamente as pessoas tem preferido passar seu tempo em frente ao computador ou em frente ao video game do que encerando linha e correndo atrás das pipas vítimas dos laços.

A paisagem do mundo muda à medida em que as novidades tecnológicas começam a ser mais acessíveis para a grande massa, e, com isso, toda a carga de consequências positivas e negativas acabam vindo agregadas. Se para muitos o Cerol era o grande risco para a vida, hoje em dia educadores e familiares tendem a se preocupar com a ociosidade e suas consequências, como a obesidade.

Entendo que não me cabe o papel de julgar os tempos, dizer que esse tempo é melhor do que aquele e vice-versa, mesmo porque eu nunca tive habilidade pra empinar e confeccionar pipas e seus acessórios, e também não sou exatamente um rato de computador, mas penso que alternativas são sempre boas para que pessoas bem instruídas e com boas intenções possam fazer a escolha que melhor lhes forem úteis em nome da felicidade do mundo. Pesar a medida certa será uma eterna constante na vida de todos/as em qualquer tempo. Resta aos pais e educadores o bom senço na hora de ajudar crianças , adolescentes e jovens a aproveitarem seu tempo da forma mais extraordinária e produtiva possível.